Líder! Não tem pra onde correr. Hoje, Jade Barbosa é a atleta mais velha e mais experiente no elenco da ginástica artística, que compete os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. A ginasta sabe a responsabilidade que esse status traz. Nesta segunda-feira (22), na capital peruana, o elenco fez o primeiro treino e Jade falou sobre isso.
“Eu sempre tive, acho que, boas líderes dentro da minha equipe. A Daiane (dos Santos) a Dani (Daniele Hypólito). Até sinto bastante falta de ter uma pessoa mais velha. Ser a mais velha agora é… Acabou acontecendo porque tem que acontecer. Eu tento agir um pouco como elas faziam comigo: tentar orientar em algumas coisas durante o treino e acalmar na hora que precisa… brigar na hora que precisa também. Como a gente já passou por essas coisas, a gente já sabe mais ou menos o que vai acontecer. Então a gente tenta preparar elas para já saber como agir na hora. Olha: no primeiro treino acontece isso e tal. Fiquem espertas com isso. Não faça isso ou faça isso. Mas acho que vai acontecendo naturalmente mesmo,” contou com exclusividade ao Olimpíada Todo Dia.
A diferença de Jade Barbosa para Flávia Saraiva é de, aproximadamente, dois ciclos olímpicos. Ou seja, oito anos. A mesma diferença que ela tinha para as antigas líderes Daiane dos Santos e Daniele Hypolito, que deixaram a seleção após, respectivamente, as Olimpíadas de 2012 e 2016. Isso traz uma bagagem e uma nova forma de ver as competições internacionais e até ginastas das quais era fã. Antes era ela, agora ela vê se repetindo e tenta ajudar.
“Às vezes você para de prestar atenção no que você está fazendo pra ver as outras meninas, né? Eu lembro que no meu primeiro Mundial, eu vi as chinesas fazendo paralelas e eu fiquei tipo igual uma estátua. Nem conseguia mais me concentrar no que eu estava fazendo. Eu lembro muito delas falando: não, Jade, não olha. Presta atenção em você. Depois você vê, depois da competição, quando acabar… E aquilo ficou muito gravado assim na minha mente. E eu vejo até hoje em dia acontecendo com as meninas. Às vezes você admira tanto uma pessoa, que, quando ela entra no ginásio, você fica: uau. E aí agora eu falo: não, gente, vamos… A Flávia, às vezes, fica assim, né? Aí eu tenho que falar… Não, Flávia, não sei o que, não sei o que. Aí passa.”
Lima 2019
A ginástica artística compete nos Jogos Pan-Americanos entre os dias 27 e 31 de julho, no ginásio Polideportivo Villa El Salvador. Mesmo local do primeiro treinamento nesta segunda-feira (22). “Fomos os primeiros a chegar na Vila, então a gente já estava querendo saber como era o ginásio. Tudo. A gente já estava criando expectativa. Foi um bom primeiro treino, né? A gente gostou bastante da aparelhagem, está um pouco novo que nem… Acho que acabou de sair do pacote. Então escorrega um pouquinho. A gente tem que se adaptar um pouco. Foi uma boa primeira impressão, eu acho. Estou só me acostumando um pouco com o frio, né? Porque eu sou do Rio. Mas as instalações estão ótimas, a gente está bem feliz. Tudo é muito colorido, tudo muito alegre, acho que da um bem-estar isso.”
Com a experiência que tem, Jade é veterana em Jogos Pan-Americanos. E tem a sua melhor lembrança guardada com carinho: “Meu primeiro Pan-Americano foi Rio 2007, né? Foi muito especial pra mim”. Não só pra Jade como pra ginástica toda. A gente ficou conhecido pelas pessoas do Brasil, pelo Pan. E, a partir daquele Pan, tudo mudou pra gente. As pessoas começaram a ter carinho pelo esporte, a conhecer cada um. Então, eu acho que o Pan do Rio abriu tanto as portas pro esporte brasileiro. Só tenho memórias boas, mas a melhor memória acho que foi quando eu escutei o hino nacional. Quando eu tive minha medalha no salto. Eu disse: gente, todo mundo cantando junto. Acabou o hino e continuou todo mundo cantando. Eu acho que assim não tem preço isso. Nada paga.”
Pronta para escrever novas histórias, Jade Barbosa define os objetivos junto a equipe brasileira formada por Flávia Saraiva, Lorrane dos Santos, Thaís Fidelis e Carolyne Pedro: “A gente sempre tenta o melhor resultado por equipe, pra gente é muito importante. Você vê mesmo que a equipe não vive de um ou dois talentos, que você tem uma… O esporte está bem forte no Brasil. E o primeiro dia de classificatória pra gente é muito importante. Acho que ele define as finais. Então, a gente quer competir muito bem o primeiro dia de classificatória pra pegar o maior número de finais possíveis. E aí a gente pode ver o que dá pra ter de medalhas,” conclui.
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