Grande favorito à medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, Henrique Avancini enxerga uma revolução no mountain bike brasileiro nos últimos anos. Hoje em dia, são mais de 60 ciclistas profissionais vivendo apenas do esporte no país. Mas ele quer mais! Quer ajudar os compatriotas a alcançar o mesmo sucesso que ele tem lá fora. O carioca de 30 anos, nascido em Petrópolis, está hoje no Top 3 do ranking mundial, feito que ele só conseguiu porque nunca se acomodou em ser “apenas” o melhor do Brasil.
“O meu objetivo desde o começo, desde anos atrás, não era ser o melhor brasileiro. Isso era uma das coisas que mais me irritava quando eu ouvia alguém falar ‘Esse cara vai ser o melhor brasileiro’. Não quero ser o melhor brasileiro, quero ser um cara bom a nível mundial. Pode ser que eu esteja perdendo para algum brasileiro, mas eu quero ser um cara top mundial e a minha busca foi voltada a isso: o que que eu tenho que fazer para me desenvolver como atleta para competir bem nos grandes eventos, como os caras competem, como os caras pilotam, como é a gestão da corrida em si, a preparação para fazer uma boa temporada de Copa do Mundo”, conta o ciclista, que em 2018 foi campeão mundial na modalidade maratona, que não é olímpica, e subiu no pódio duas vezes seguidas nas duas últimas semanas na prova de cross country da Copa do Mundo de mountain bike.
Esforço e dedicação nunca faltaram a Henrique Avancini, mas ele só conseguiu realmente se firmar entre os melhores atletas do planeta depois do ciclo olímpico Rio 2016. E sabe ele exatamente qual foi a chave para chegar onde queria. “O grande ponto de partida vem da preparação mental. Isso me ajudou muito a potencializar o esforço que eu empregava em outras áreas, a tirar um pouco mais do esforço que eu já aplicava. Cponsegui otimizar um pouco o trabalho que eu vinha fazendo já há anos. A energia que eu aplicava para me desenvolver em alguma coisa era muito grande comparado ao benefício que eu tirava desse esforço. Então, depois que eu consegui ajustar algumas coisas mentalmente, o esforço que eu aplico hoje, eu consigo tirar mais benefícios desse esforço. E isso se reflete em resultados mais expressivos na pista”, garante.
Apesar de ter chegado entre os melhores, Henrique Avancini continua sem se acomodar. Para a temporada de 2019, ele colocou como meta ganhar, pelo menos, uma etapa da Copa do Mundo, fato que vai, acredita ele, credenciá-lo a fazer o mesmo na Olimpíada de Tóquio e nos Campeonatos Mundiais. Além disso, o ciclista quer servir de referência para que outros brasileiros peguem carona no sucesso obtido por ele.
“Uma das grandes missões que eu tenho hoje na carreira é mudar o padrão esportivo da minha modalidade. O grande ponto que a gente tem defasado é ensinar os atletas brasileiros a competir as provas de alto rendimento. Você aprender a disputar uma Copa do Mundo, um Campeonato Mundial, uns Jogos Olímpicos requer um desenvolvimento do atleta desde o começo da carreira muito diferente na parte de pilotagem, na parte de setup da bicicleta, na parte de distribuição de esforço e isso é muito difícil no mountain bike”, explica Avancini, que vê o momento atual como propício para o desenvolvimento ainda maior da modalidade no país.
“Eu quis buscar muito minha paixão com uma chance de melhorar de vida. Em 2012, eu era o segundo atleta do Brasil no ranking olímpico e eu competi seis meses sem nenhum patrocínio, sem nenhum auxílio. Estamos falando só de sete anos atrás. E hoje, quando a gente olha o cenário da bike do Brasil, a gente tem mais de 60 atletas vivendo profissionalmente do mountain bike. Isso, para uma modalidade olímpica, é coisa para caramba. É um crescimento absurdo em sete anos. Provavelmente teremos três atletas em Tóquio. Pensando nesses termos, é uma modalidade super desenvolvida profissionalmente falando. E fico muito feliz de ter sido uma parte importante do desenvolvimento do mountain bike como uma possibilidade de profissão mesmo. Hoje a gente tem um cenário bastante sólido. Para mim, isso lá atrás era só um sonho”, finalizou.