O hipismo brasileiro faturou mais um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. Marlon Zanotelli zerou as duas rodadas finais do salto individual e garantiu o primeiro lugar do pódio. Nesta sexta-feira (9), o brasileiro foi o único a zerar na final e não deu chances para os adversários.
Por sua vez, Pedro Veniss terminou com 5 pontos de penalidade e acabou na 7ª colocação. A prata acabou com o argentino José María Jr. Larocca, que somou um único ponto e ficou atrás do brasileiro. Para o bronze, a disputa precisou ser definida pelo desempate no salto.
A norte-americana Elizabeth Madden levou a melhor e faturou o bronze. A canadense Nicole Walker ficou no quarto lugar, Eve Jobs, dos EUA, foi a quinta e Eugenio Garza Perez, do México, o sexto melhor.
Maranhense campeão
Filho mais velho de uma família de quatro irmãos, Marlon Zanotelli trás no sangue a paixão por cavalos. A tradição começou com o avô, militar que montava na cavalaria do Rio Grande do Sul, e se perpetuou com o pai, que aprendeu a montar nos cavalos do Regimento e que acabou se tornando instrutor e dirigente de uma escola de equitação no outro extremo do país, em São Luiz, capital maranhense. Foi nesta escolinha que Marlon começou a montar aos quatro anos.
Ainda criança, Marlon se mudou com a família para o Rio de Janeiro. E na “cidade maravilhosa” continuou montando. Quanto tinha oito anos, a família de Marlon mudou de novo e se estabeleceu em Fortaleza, capital cearense, e foi ali que o cavaleiro resolveu montar não mais como diversão, mas “de verdade”, diz. Aos 12, o garoto já tinha decidido que queria ser cavaleiro profissional. De início o pai não concordou, queria que Marlon tivesse no cavalo um hobby.
O garoto não desistiu, e seu Mário vendo a desenvoltura do filho em cima de uma sela resolveu investir no sonho do filho. E não mediu esforços para proporcionar ao menino a possibilidade de competir: vendeu a casa, comprou um caminhãozinho e foi desbravar o Brasil em busca de competições. Na boléia, os pais e o tratador do cavalo. Foram milhares de quilômetros percorridos, e a cada competição começou a se moldar um cavaleiro que aliava talento natural dedicado aos treinos, esforçado e muito disciplinado. Pódios se sucederam e mudanças também, desta vez para São Paulo, maior pólo brasileiro da modalidade.
Mas Marlon Zanotelli queria ir mais longe: mudar para a Europa, aprender com os mestres do hipismo, competir com os tops. E investiu neste sonho: foi aprender inglês, se formou em marketing e com 20 anos foi estagiar na Bélgica com Ludo Philippaerts. Nos dois anos em que ficou no centro de treinamento do cavaleiro olímpico começou a aprender como funciona o hipismo na Europa, acompanhou o dia a dia de seus ídolos no esporte como Rodrigo Pessoa, Doda Miranda e Pedro Veniss. Queria aprimorar sua equitação e um dia competir de igual para igual com eles. Não demorou em que isso acontecesse.
O aprendizado se consolidou quando começou a trabalhar na Ashford Farm, centro de treinamento do empresário irlandês Enda Caroll, em Waterloo, na Bélgica. Trabalhava e competia no circuito europeu em alguns dos mais importantes concursos internacionais de Salto . Em Ashford Farm, Marlon não apenas evoluiu como cavaleiro, mas também foi onde conheceu Angelica Augustsson, também amazona e com quem casou em 2015. Hoje, os dois tem seu prórpio centro de treinamento, o Augustsson Zanotelli, em Bree, Bélgica.
No Pan de Lima, Marlon Zanotelli, que monta Sirene de La Motte, compete no salto ao lado de um dos seus ídolos dos tempos em que foi morar na Europa: o paulista Pedro Veniss.