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Tóquio 2020

Flávia Saraiva se diz pronta para ganhar medalha em Tóquio

Com três mundiais, dois pan-americanos e uma olimpíada no currículo, Flávia Saraiva mira alto na próxima edição dos Jogos Olímpicos

“Sinto que estou pronta para competir em uma olimpíada”. Do alto de seus 1,45 m de altura, Flávia Saraiva, 20 anos, sabe que é uma gigante da ginástica artística mundial e de seu potencial para uma medalha em Tóquio 2020, cuja vaga já está garantida. Nesta quinta-feira (30), ela participou de uma live no instagram do Olimpíada Todo Dia.

Na Rio-2016, a ginasta era uma novata, mas evoluiu muito no últimos quatro anos. Cresceu, literalmente, “Eu espichei cerca de 10 cm depois da olimpíada no Brasil”, e figurativamente, já que ganhou os holofotes da ginástica artística mundial

No Mundial de 2019, quando assegurou sua vaga para Tóquio 2020, Flávia Saraiva terminou na sétima colocação no individual geral. “Tive algumas falhas nessa competição. No individual geral, eu poderia ter ido melhor no solo e na trave.”

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Contudo, o Mundial de Stuttgart (ALE) serviu para mudar sua percepção e dar noção do seu real tamanho competindo. “Eu senti um pouco na disputa. Mas desde o Mundial do ano passado, eu não sinto mais o peso e preocupação, eu sinto que posso lidar com tudo. Estou muito bem, já tenho dois pan-americanos, três mundias e uma olimpíada na carreira.”

Tóquio 2020

“Eu me sinto muito pronta para competir em uma Olimpíada. Eu nunca senti uma medalha tão próxima assim.”

Mesmo com o foco em medalha, Flávia Saraiva sabe como uma disputa tão importante funciona. “Pode perguntar para qualquer atleta da ginástica, o que a gente pensa primeiro é pegar final. A gente já tem os nossos objetivos, eu quero as finais, mas eu não posso pensar em medalhas sem pensar em finais.”

Mais experiente, a ginasta sabe que pegando uma final, tudo pode acontecer. “Competição é competição, pode acontecer de tudo. Pode ser a favorita ou não, quando você chega na final, você tem chance de medalha.”

Flávia Saraiva passou perto da medalha no Mundial de Sttutgart de Ginástica Artística 2019
Flávia Saraiva em ação pelo Mundial de Sttutgart de Ginástica Artística 2019 (facebook/flaviasaraivaoficial)

E em Tóquio 2020, a americana Simone Biles vai ser a ginasta a ser batida. “A Biles treina muito, já vi, fora que ela tem um talento surreal, uma percepção corporal. Ela sabe a hora da chegada, a hora de abrir. Ali tem muito pouco de sorte. Porque quando a gente treina muito, a sorte fica minúscula.”

E as chances de medalha em Tóquio 2020 são bem claras para Flávia Saraiva: “Trave, solo e individual geral. Salto eu só tenho uma chance e paralelas segue sendo minha maior dificuldade.”

Ajustes e novidades

“Na verdade eu preciso melhorar na paralela. Solo, trave e salto, eu preciso melhorar um pouco, não tanto em dificuldade, mas em execução. Eu tive algumas falhas no Mundial durante o individual geral, eu poderia melhorar meio ponto no solo e 0.30 no salto.”

Mais consciente de suas habilidades e possibilidades, a ginasta garante que tem “a série na trave fechada para chegar com o máximo de confiança na Olimpíada de Tóquio”, mas promete surpresas no solo.

“Ai, sempre me perguntam sobre a dupla pirueta no solo. Meu treinador não gosta muito, mas a gente buscou outros elementos, mas depende muito, quem sabe um dia eu volte a fazer. E tem a música e a coreografia, não é só minha, mas é uma decisão da equipe, e a gente gosta de fazer uma surpresa.”

Quarentena

Por mais que Flávia Saraiva planeje, sonhe e crie expectativas de medalha, a pandemia do novo coronavírus não deixa a ginasta treinar direito e muito menos dá uma ideia de quando terminará.

“Não sabemos quando vamos voltar, a gente só espera e que possa voltar logo. Pior é que a gente não consegue nem fazer planos, não sei quando terá a próxima competição.”

Parada há dois meses e sem previsão alguma de retorno, Flávia Saraiva se mantém ativa dentro de casa e do jeito que dá. “São dois períodos de treino por dia, por vídeo chamada com a seleção e com o flamengo também, de segunda a sábado. Acordo de manhã, treino, almoço, descanso, estudo e treino mais um pouco. Sou muito elétrica e tenho muita energia. Tenho uma travezinha aqui, faço bicicleta e vários aparelhos de academia. De 20 em 20 minutos, eu tô fazendo algo!”

Mas se ainda não tem ideia de quando irá voltar aos treinamentos regulares e quando será a próxima competição, Flávia Saraiva sabe que não voltará imediatamente para o mesmo nível de antes da pandemia. “Ah, vai precisar de uns dois a três meses para poder recuperar o ritmo.”

Com 16 anos, Flavia Saraiva disputou o Mundial de Glasgow 2015 e a Rio-2016
Com 16 anos, Flavia Saraiva disputou o Mundial de Glasgow 2015 e a Rio-2016 (facebook/flaviasaraiva)

O começo de tudo

“Tenho muita energia, tinha mais ainda quando criança. Eu era aquela menina que vivia pulando. Já sabia fazer estrelinha na rua brincando com minhas primas, e uma delas era professora de educação física, em Campo Grande, Rio de Janeiro. Um dia brincando, ela falou pra minha me levar na aula de ginástica artística, para ver se eu gastava um pouco de energia!”.

Certamente não por acaso, Flávia Saraiva começou a treinar em um dia bem especial. “No meu primeiro dia já teve um teste, comecei a treinar com a Georgette e não parei mais.”

Enquanto a maioria das ginastas começam com cinco ou seis anos, Flávia Saraiva iniciou sua trajetória na ginástica artística com oito anos. “Comecei um pouco mais velha, e corri atras do tempo que eu perdi. É um treinamento duro diário, são muitas repetições. Na competição apresentamos uma vez o que treinamos um milhão de vezes, mas gosto muito de treinar e mais ainda de competir. Pela adrenalina vale muito. Eu sou muito assim. Para mim valeu muito a pena, tudo que passei, eu faria tudo de novo.”

Mas quando perguntada se os resultados a motivam seguir, a ginasta é enfática. “Eu não levo a ginástica por isso, eu entrei amando a ginástica. A ginástica é meu ar, preciso para sobreviver, eu preciso fazer isso todos os dias da minha aqui. É onde brinco e me divertido, é onde eu quero estar.”

Flávia Saraiva com a seleção feminina de ginástica artística
Seleção brasileira de ginástica artística feminina (Facebook/flaviasaraivaoficial)

A irmandade

O convívio e o esforço diário em conjunto criam laços. Junto à seleção feminina de ginástica artística, Flávia Saraiva encontrou uma nova família. “Somos praticamente irmãs. Ficamos duas, três horas em uma chamada de vídeo, conversando sobre vida. Eu achei irmãs, elas são minhas melhores amigas, é tao bom uma amizade assim em que a gente torce uma pela outra.”

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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