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Dadou é suspenso após acusação de abuso sexual contra menores

Fifa aplicou sanção temporária contra Yves Jean-Bart, presidente da Federação Haitiana de Futebol, que é investigado pela polícia de seu país

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Yves Jean-Bart, o Dadou, nega as acusações (facebook/fhfhaiti)

A Fifa suspendeu por 90 dias o presidente da Federação Haitiana de Futebol, Yves Jean-Bart, também conhecido como Dadou, que é investigado pela polícia de seu país por abuso sexual de menores de idade dentro do centro de treinamento da entidade. O anúncio foi feito na segunda (25).

“De acordo com os artigos 84 e 85 do Código de Ética da Fifa, a câmara de investigação do Comitê de Ética Independente suspendeu provisoriamente o Sr. Yves Jean-Bart, presidente da Federação Haitiana de Futebol (FHF), de todas as atividades relacionadas ao futebol, nos âmbitos nacional e internacional, por um período de 90 dias”, afirmou a entidade máxima do futebol mundial. “Esta sanção foi imposta por conta das investigações em andamento contra o senhor Jean-Bart”, acrescentou.

A Fifa afirmou, ainda, que o presidente da federação haitiana já foi notificado da decisão e que o prazo da suspensão passou a valer na mesma segunda-feira.

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Nota Oficial da Federação Haitiana de Futebol sobre a suspensão de Yves Jean-Bart (facebook/fhfhaiti)

Abuso sexual e aborto forçado

As acusações contra Yves Jean-Bart vieram à tona pelo jornal inglês The Guardian, no início de maio. “Há uma senhora que trabalha lá e que pressiona as meninas a fazer sexo com Dadou”, disse uma suposta vítima ao The Guardian. “Ela escolhe uma garota legal, que é atraente e lhe diz que será expulsa do centro. A garota começa a chorar e então a senhora diz: ‘A única maneira de resolver isso é falar com o ‘Dadou”. Nesse momento, a jovem não tem escolha a não ser aturar o abuso sexual.

Fontes no Haiti ainda afirmam que uma das garotas abusadas sexualmente por Yves Jean-Bart foi forçada a fazer um aborto. Uma outra vítima dos abusos resume, sempre de acordo com o The Guardian, a sensação. “Tenho muito medo. ‘Dadou’ Jean Bart é uma pessoa muito perigosa.”

O caso saiu das páginas do jornal e passou a ser objeto de investigação da polícia local poucos dias após a matéria ser publicada, apesar das negativas do mandatário da Federação Haitiana de Futebol. Ele alegou, em nota oficial, ser vítima de uma clara “manobra para desestabilizar a FHF, o caráter do presidente e sua família”.

Marie-Rosy Auguste Ducena, da Rede Nacional de Direitos Humanos, entidade que denuncia o silêncio no meio esportivo, afirmou para a Agência France Presse (AFP) que “a decisão da Fifa é boa, pois percebemos que Yves Jean-Bart e seu cartel podem ofuscar qualquer investigação judicial”.

A AFP informa ainda que tentou entrar em contato com Jean-Bart para que se manifestasse sobre o anúncio da Fifa, mas não obteve retorno.

“Queria vomitar”

Não bastassem os abusos sexuais relatados dentro do Centro Técnico Nacional, mantido pela Federação Haitiana de Futebol, as meninas também sofrem com as condições precárias do lugar.

“A última vez que pisei lá, eu queria vomitar”, disse um treinador que trabalhou no local. “É desprezível. Dez crianças dormem em cada um dos quartos, não há lençóis, nem banheiros limpos. É inimaginável. Para onde foi o dinheiro? A federação recebeu milhões e nem comprou lençol?”

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