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Atletismo

Bikila e Cierpinski: maiores vencedores da maratona olímpica

O etíope Abebe Bikila e o alemão oriental Waldemar Cierpinski são os únicos bicampeões da história da maratona nos Jogos Olímpicos

Abebe Bikila e Waldemar Cierpinski os maiores vencedores da maratona em Jogos Olímpicos
Abebe Bikila e Waldemar Cierpinski são os maiores heróis olímpicos da maratona (Montagem)

A maratona é a mais longa e desgastante prova do atletismo nos Jogos Olímpicos. Completar os 42.195 m não é para qualquer um. Imagine então ganhar uma corrida dessas? E se isso acontecer duas vezes em Olimpíadas? Um feito e tanto, não é? E é tão difícil fazer isso que apenas dois homens em toda a história conseguiram colocar duas medalhas de ouro no peito: o etíope Abebe Bikila e o alemão oriental Waldemar Cierpinski.

O primeiro bicampeão olímpico da história da maratona foi Abebe Bikila, que venceu a prova nos Jogos de Roma-1960 e Tóquio-1964. O feito dele foi igualado por Waldemar Cierpinski, que foi medalha de ouro em Montreal-1976 e Moscou-1980.

A tarefa de chegar no pódio da maratona em Jogos Olímpicos é tão difícil que, além de Bikila e Cierpinski, apenas outros quatro atletas conseguiram subir ao pódio duas vezes na prova: o também etíope Mamo Wolde, ouro na Cidade do México-1968 e bronze em Munique-1972, o americano Frank Shorter, ouro em Munique-1972 e prata em Montreal-1976, o belga Karel Lismont, prata em Munique-1972 e bronze em Montreal-1976, e o queniano Eric Wainaina, bronze em Atlanta-1996 e prata em Sydney-2000.

ABEBE BIKILA

abebe bikila descalço na maratona de roma-1960
Abebe Bikila disputa a prova da maratona nos Jogos de Roma-1960

Ex-pastor de ovelhas e capitão da Guarda Real do Imperador da Etiópia, Abebe Bikila foi o primeiro homem a vencer duas maratonas olímpicas consecutivas. O curioso é que em Roma-1960, ele correu a prova descalço e bateu o recorde mundial (2h15min16s2), chegando quatro minutos a frente do segundo colocado. Ao completar a corrida, disse que ainda teria fôlego para correr pelo menos mais fez quilômetros.

Foi a primeira vez que a maratona foi disputada de noite e guardas italianos seguraram tochas ao longo dos 42km para iluminar o caminho dos 69 participantes. O plano de corrida de Abebe Bikila foi também bastante curioso. Ao fazer o reconhecimento do trajeto, dias antes da maratona, ele reconheceu o obelisco de Axum, que foi retirado de seu país por tropas da Itália. O monumento estava a 1,5 km da linha de chegada e ele planejou começar ali o sprint final para disparar na frente dos adversários e completar a prova.

Em Tóquio-1964, Abebe Bikila competiu apenas cinco semanas depois de ter passado por uma cirurgia de apêndice. Apesar disso, ele venceu novamente, desta vez devidamente calçado, batendo novamente o recorde mundial (2h12min11s2).

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Abebe Bikila tentou o tricampeonato na Cidade do México-1968, mas uma fratura na perna esquerda, sofrida um ano antes, da qual ele não tinha conseguido se recuperar direito, o atrapalhou e a maior lenda da história das maratonas abandonou a prova no km 17.

Em sua carreira, Abebe Bikila completou 13 maratonas, das quais venceu 12. A única que terminou sem ele cruzando a linha de chegada antes de todos os concorrentes foi a maratona de Boston, em 1963, prova que ele ficou na quinta colocação.

O final da vida de Abebe Bikila, no entanto, foi trágico. Em 1969, ele sofreu um acidente com o carro que ganhou do governo da Etiópia e ficou paralítico do pescoço para baixo. Quatro anos depois, aos 41, ele faleceu, vítima de complicações neurológicas do acidente. Uma multidão de mais de 70 mil pessoas acompanhou o seputalmento.

WALDEMAR CIERPINSKI

waldemar ciepinski
Waldemar Cierpinski igualou o feito de Abebe Bikila em Moscou-1980

O extraordinário feito de Abebe Bikila foi igualado 16 anos depois por Waldemar Cierpinski, campeão da maratona nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976 e de Moscou-1980.

Nascido na cidade de  Neugattersleben, na então Alemanha Oriental, Waldemar Cierpinski ganhou sua primeira maratona olímpica aos 26 anos. Até dois anos antes, no entanto, ele era corredor de 3.000 m com obstáculos.

Em sua primeira vitória, em Montreal-1976, Waldemar Cierpinski bateu o recorde olímpico, que pertencia ainda a Abebe Bikila, ao cravar 2h09min55s0, derrotando o campeão de Munique-1972, Frank Shorter, que ficou com a medalha de prata.

A corrida para o bicampeonato olímpico foi facilitada pelas ausências do americano Bill Rodgers e do japonês Toshihiko Seko, que eram considerados os principais maratonistas da época, mas não participaram de Moscou-1980 por causa do boicote liderado pelos Estados Unidos contra os Jogos organizados pela União Soviética.

Sem os concorrentes de peso pela frente, Waldemar Cierpinski marcou 2h11min03s para conquistar sua segunda medalha de ouro. Mas, se o boicote o ajudou a ganhar em Moscou, o impediu de tentar o inédito tri em Los Angeles-1984. Foi a vez do bloco liderado pela União Soviética boicotar os Jogos organizados pelos Estados Unidos. Assim, a Alemanha Oriental ficou de fora e Cierpinski não pôde competir.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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