Os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga foram a inspiração para as Olimpíadas da Era Moderna, que estrearam em 1896. Nas competições da Antiguidade, apenas homens livres nascidos em alguma das cidades-estado gregas poderiam competir na sagrada Olímpia, sede de todas as edições da época. Apesar da disputa acontecer durante períodos de trégua, as modalidades eram baseados em habilidades exigidas aos soldados.
A primeira edição, ocorrida em 776 a.C., teve apenas uma prova, a corrida, vencida por Koroibos, cozinheiro e cidadão de Élis. Depois, outros modalidades foram sendo integradas ao programa dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, sempre baseados em cinco grupos de modalidades: corridas, provas atléticas, lutas, pentatlo e provas hípicas. Mas diferente dos tempos atuais em que os três primeiros recebem medalhas, apenas o campeão era premiado.
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Corridas
O stadion (termo que deu origem à palavra estádio) era a corrida que compreendia a distância de 192,27 m, que era o comprimento da pista, e foi a única prova das primeiras edições dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga.
Desta primeira prova surgiram o diaulo (dois stadion) e o dólico (inicialmente oito e no fim 24 stadion). Na 54ª. edição surgiu também uma corrida, que variava de dois a quatro stadion, com armas, que era disputada no último dia dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga para simbolizar o fim da trégua.
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Na corrida com armas, os atletas levavam o capacete e o escudo dos hoplitas. Para evitar a fraude, os escudos usados pelos atletas eram guardados no Templo de Zeus, de modo a evitar que alguém corresse com um escudo que fosse mais leve.
Provas Atléticas
Essas modalidades de competições foram a base para o que hoje são as provas de campo do atletismo nos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Eram arremessos, lançamentos e saltos que desafiavam os atletas da Antiguidade.
O lançamento de dardo, chamado de akón, derivava da prática do uso da lança nas caçadas e nas guerras. O atleta deveria lançar o dardo (cujo comprimento chegava a 1,70 m, no centro de um círculo, desenhado no chão, a uma distância considerável.
No lançamento de disco, conhecido como dískos, o atleta deveria arremessar os discos (à época feitos de pedra, cobre ou metal polido, pesando cerca de 5 quilos) a um mínimo de distância estipulado.
Quanto aos saltos a distância, que eram então chamados de pédema, havia também procedimentos semelhantes ao que acontece na modalidade atual desse tipo de esporte: os atletas tinham que executar o salto a uma distância mais longa possível, servindo-se de propulsão que se ganhava com ao correr, antes de saltar. Existia, no entanto, uma modalidade, em que os atletas saltavam segurando um peso.
Lutas
Três foram as modaldiades de luta disputadas ao longo dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga: pále, o pýgme (ou pygmachía) e pancrácio.
Na modalidade pále eram proibidos golpes diretos como socos e pontapés. Os atletas utilizavam-se de técnicas de medida de força, como o agarramento dos membros superiores e inferiores, com o objetivo de levar o adversário ao chão. A submissão do oponente consistia em fazê-lo tocar os ombros no chão e, com isso, perder a disputa.
Antes de iniciarem a luta os concorrentes untavam o corpo com azeite e deitavam um pouco na terra para evitar que a pele se tornasse escorregadia. A prova não possuía um tempo limite. Era permitido partir os dedos do adversário, mas não era permitido realizar ataques na região genital e nem morder.
O pýgme (ou pygmachía) consistia no pugilato, esporte que deu origem ao boxe atual. Apenas se podia atacar o adversário com os punhos e os concorrentes envolviam os dedos com tiras de couro. Não existiam assaltos nem categorias baseadas no peso dos atletas. O jogo terminava quando um dos atletas ficava inconsciente ou colocava um dedo no ar em sinal de desistência.
O pancrácio era a mais violenta das lutas, comparada ao que atualmente conhecemos como MMA, mas com menos regras e com muito mais crueldade.
Era uma combinação da luta grega, o pále, com o pugilato, o pýgme. Era uma prova extremamente violenta, cujos concorrentes poderiam mesmo vir a morrer. Tudo era permitido, com exceção de enfiar dedos nos olhos, atacar a região genital, arranhar ou morder. A vitória ocorria quando um dos atletas já não conseguia continuar a lutar, levantando um dedo para que o juiz percebesse, ou ficasse inconsciente.
Pentatlo
O pentatlo era a prova nobre dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga e reunia, pela ordem, corrida (um stadion), lançamento de disco, salto em distância, lançamento de dardo e luta.
As quatro primeiras provas eram classificatórias e chegavam à luta apenas os dois finalistas. A decisão do campeão era feita na modalidade pále.
Provas Hípicas
A provas hípicas eram as únicas que eram disputadas fora do estádio nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga. Bigas (carros puxados por dois cavalos) e quadrigas (quatro cavalos) davam 12 voltas no hipódromo numa espécie de vale-tudo eqüino até a definição do vencedor. Havia também a prova sem carros, com o cavaleiro montado no cavalo, em que apenas uma volta no hipódromo era dada para que o primeiro a cruzar a linha de chegada fosse declarado campeão.
O curioso é que não eram os atletas que tinham vencido as corridas que recebiam as coroas, mas os donos dos cavalos, dado que estes implicavam custos que só os mais ricos poderiam suportar. Assim, algumas mulheres com posses e políticos tornaram-se vencedores destas corridas, sem nunca terem participado nelas.
Reconstituição do programa dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga
Dia 1
Manhã
- Cerimônia de juramento dos atletas e dos juízes no Buleuterion perante a estátua de Zeus Korkios (Zeus dos Juramentos)
- Provas nas modalidades de luta, pugilato e pancrácio para rapazes.
- Consulta de oráculos.
Tarde
- Palestras públicas de filósofos e historiadores. Recitais de poesia.
Dia 2
Manhã
- Corridas equestres. Os concorrentes entram no hipódromo em procissão.
Tarde
- Pentatlo – prova que reunia cinco modalidades
Fim da tarde e noite
- Cerimonias no santuário de Pélops, identificado pela tradição como o primeiro vencedor dos jogos. Reconstituição das suas cerimônias fúnebres.
- Desfile no Áltis dos vencedores, em honra dos quais são entoados hinos. Banquetes.
Dia 3
Manhã
- Procissão formada por todos os atletas, juízes e embaixadores das póleis gregas (que transportam vasos de ouro e prata que representam a riqueza das suas localidades) pelo Áltis. A procissão pára em frente ao Grande Altar de Zeus, onde se realiza o sacrifício de 100 bois oferecido pelo povo de Élide.
Tarde
- Corridas pedestres
Noite
- Banquete no Pritaneu, no qual participam os atletas, os convidados e os espectadores, recorrendo-se à carne utilizada no sacrifício feito de manhã.
Dia 4
Manhã
- Luta
Meio-dia
- Pugilato e pancrácio.
Tarde
- Corrida com armas.
Dia 5
- Procissão liderada pelos atletas vencedores até ao Templo de Zeus, onde serão premiados um por um com uma coroa de louro atribuída pelos juízes. Os espectadores atiram pétalas e folhas sobre os vencedores. À noite, grandes festas e banquetes. No dia seguinte os atletas, espectadores e embaixadores iniciam a viagem de regresso às suas terras.