Com o esporte olímpico brasileiro paralisado há quase três meses e outros países ao redor do mundo flexibilizando as medidas de isolamento em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) está trabalhando pensando na retomada das atividades. A entidade lançará em junho um manual elaborado por médicos e especialistas na área da saúde para que o retorno dos treinos seja da forma mais segura possível, conforme revelou Jorge Bichara.
O diretor de esportes do COB usou o Centro de Treinamento do Time Brasil como exemplo. Localizado no complexo do Parque Aquático Maria Lenk, o local depende da autorização da prefeitura do Rio de Janeiro para retomar as atividades. Quando essa liberação acontecer, a entidade pretende estar com um protocolo pronto para a segurança dos atletas e envolvidos que trabalham por lá.
“A utilização do CT será adequada às normas de convívio social e profissional determinadas através de orientações técnicas dos órgãos de saúde pública e seus conselhos. Para isso, o COB está desenvolvendo um manual e protocolos específicos para o seu centro de treinamento, possibilitando o retorno progressivo e em fases, inicialmente com um grupo pequeno de atletas, que de acordo com as autorizações e liberações dos órgãos de saúde pública, poderão ir aumentando de tamanho”, disse Jorge Bichara em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Especificidades de cada esporte
Como cada esporte tem suas especificidades, alguns tendem a retornar às atividades com certa antecedência, entre eles as modalidades individuais. De qualquer forma, o protocolo deve prever o distanciamento social mesmo com a liberação das autoridades para a retomada dos treinos no CT Time Brasil.
“Obviamente os treinamentos vão voltar, prioritariamente, com atividades individuais, sejam para esportes coletivos ou individuais. Obviamente, existe uma tendência de que nos esportes individuais se consiga uma possibilidade de gerar mais segurança ao praticante e ao entorno. As competições esportivas onde o distanciamento entre os adversários é maior também possibilitarão o retorno mais breve”, disse Jorge Bichara.
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Diante desse cenário, o diretor do COB admite que esportes de combate, como caratê, taekwondo, judô e wrestling podem sofrer maiores prejuízos, demorando mais tempo para a retomada dos treinos completos por conta da recomendação do distanciamento social.
“Deve-se avaliar o risco de contágio e os procedimentos que estão sendo contados. Fazendo uma gestão destes riscos, identificando quais são suas maiores incidências, propondo estratégias de controle e apresentando e validando isso aos órgãos de saúde, você tem a possibilidade de retornar mais rapidamente à prática esportiva, disse.
Preocupação com a parte mental
Com os atletas de alto rendimento afastados dos treinos ‘normais’ e de suas rotinas há cerca de três meses, Jorge Bichara externou seu receio com a parte mental e colocou isso como uma das grandes preocupações do COB neste momento.
“Certamente essa situação de incertezas, as inseguranças que afetaram todos os atletas, causaram uma possibilidade do aumento de casos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico, distúrbios que podem ter sido causados por essa situação de isolamento. E então a área de preparação mental do COB, inclusive o pessoal de coaching, tem uma atenção específica a isso”, disse.
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“Nós estamos buscando monitorar esses casos, acompanhar, orientar outros profissionais que trabalham com esse segmento específico dos atletas de alto rendimento, tentando antecipar situações ruins, perigosas, que possam surgir nesses atletas”, finalizou.