Na terceira reportagem da série “como os atletas lidam com filho na quarentena”, O OTD contactou um especialista em educação para avaliar as estratégias que atletas vêm utilizando para lidar com os filhos durante o isolamento social
Os atletas que têm filhos vem sofrendo por conta do isolamento social proposto pelos governos como forma de impedir a propagação do coronavírus. Com aulas e atividades extracurriculares suspensas, pais e mães que praticam o esporte profissionalmente têm de se redobrar para conciliar a rotina de seus treinos com a das crianças.
O Olimpíada Todo Dia preparou uma série exclusiva de entrevistas com atletas que são pais para entender como está funcionando suas quarentenas, com a presença das crianças em casa e que estratégia eles vêm utilizando para lidar com a situação.
Nas duas primeiras reportagens, falamos com a bicampeã olímpica de vôlei Jaqueline Carvalho e com a atleta do remo Fernanda Nunes. Ambas contaram as estratégias que vêm utilizando desde o início do isolamento. Mostramos os dois casos para o psicólogo e orientador educacional de um grande colégio paulistano, Luiz Felipe Caldeira, que avaliou as situações e ainda deu uma série de recomendações aos pais que estão encontrando dificuldades em treinar com os filhos em casa. Confira.
Contexto familiar é fundamental
Para Luiz Felipe Caldeira, tanto Jaqueline Carvalho quanto Fernanda Nunes vêm adotando boas estratégias para lidar com a situação e estão se adaptando as suas realidades específicas, algo fundamental nas atuais circunstâncias.
“É interessante perceber que cada atleta tem um ambiente e um contexto diferentes e talvez esse seja o ponto mais importante a se pensar. Não há uma fórmula mágica que funcionará para todas as famílias, sejam atletas ou não. Nesse sentido, o que é possível para uma família, pode não ser para a outra e o próprio perfil da criança também ditará quais as melhores estratégias,” explicou o psicólogo.
Estratégias envolvem rotina bem definida e conversa
“Algumas estratégias básicas, que ambas atletas estão seguindo são, por exemplo, ter uma rotina bem definida e estruturada. Contemplam momentos mais “sérios”, como estudo e o treino da mãe, assim como momentos agradáveis, como brincadeiras, cozinhar junto, ler um livro para o filho, etc… As conversas são essenciais, pois se não forem estabelecidos combinados claros, a criança pode ficar perdida nesse novo momento. E isso pode se tornar um trabalho extra para os pais e mães,” completou o psicólogo.
Contexto familiar é fundamental
Jaqueline e Fernanda não conseguiriam fazer tudo isso sozinhas sem o auxílio das escolas onde seus respectivos filhos estudam. As duas atletas têm recebido material de apoio e orientação dos especialistas da educação de seus colégio.
O orientador educacional também esclareceu que a adaptação à nova realidade, tão importante para os pais como aos filhos em quarentena, também é válida para as instituições de ensino.
“As escolas também têm lidado de maneiras diversas com a quarentena. Há uma dependência de estrutura, formação de professores e disponibilidade, que não são semelhantes nas diferentes instituições. No geral, os modelos têm variado entre aulas online (ao vivo), videoaulas, roteiros de estudos ou até a antecipação das férias de julho. Não há uma definição clara sobre qual é o melhor caminho a ser seguido. Esse é o grande desafio no momento para todas as escolas” finalizou o especialista.
Dicas para quem possui filhos pequenos em casa
Luiz Felipe Caldeira listou uma série de recomendações para pais que não estão sabendo como agir com os filhos dentro de casa durante a quarentena. Confira abaixo.
- Aproveitar esse momento de confinamento para conhecer melhor os filhos, buscando uma maior conexão
- Manter a calma, uma vez que os filhos dependem muito da estrutura emocional dos pais nesses momentos
- Fazer atividades e criar situações que anteriormente com a rotina normal não era possível (Como por exemplo ler, cozinhar, acompanhar estudos e cozinhar
- Envolver os filhos nos treinos (quando possível), desde que seja algo proveitoso para os dois.
- Ter parcimônia com o uso de eletrônicos. Em especial para aqueles que têm aulas online e roteiros de estudo digitais, já ficando na frente da tela por mais tempo que o usual.