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Coronavírus

Coronavírus: atletas não terão desempenho afetado após doença

Especialistas aguardam estudos, mas descartam sequelas em atletas que não apresentarem sintomas graves da doença; quarentena, no entanto, pode apresentar perigos

Coronavírus - desempenho do atleta após a doença
(Foto: Divulgação)

A lista de esportistas contaminados pelo coronavírus cresce cada vez mais desde o início da pandemia. No Brasil, o jogador de basquete Maique, do Paulistano, foi o primeiro a ser diagnosticado com a Covid-19. Desde então, outros atletas apresentaram a doença, como Drussyla, do vôlei, e Thiago Wild, do tênis.

Apesar de ainda ser um vírus a ser estudado, felizmente esses atletas dificilmente terão o desempenho afetado no futuro por conta da doença.

“Em princípio, não há nenhum impacto. Em pessoas que não têm problemas crônicos e não desenvolverem a forma grave da doença, o vírus não vai gerar sequela nenhuma. A pessoa, depois de curada, poderá continuar sua vida normalmente”, explicou a Dra. Ludhmila Hajjar, professora de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do grupo de Cardio-Oncologia do Instituto do Câncer e do Instituto do Coração.

Já a médica do esporte, Dra. Lara Ramalho, aguarda novos estudos do vírus para garantir. “É um vírus muito novo, não sabemos quase nada sobre ele. Há muitas suposições, como um comprometimento do pulmão em alguns pacientes à longo prazo, mas não há nada comprovado.”

Sintomas diversos

O coronavírus pode se manifestar de diversas formas, abrangendo os sintomas de uma síndrome viral. Na maioria dos casos, a doença é sem gravidade e os sintomas são febre, tosse, dificuldade para respirar, dores musculares, dor de cabeça, dor de garganta, coriza e diarreia.

Na forma grave, no entanto, há uma piora do quadro respiratório, com desenvolvimento de pneumonia, podendo levar à insuficiência respiratória.

“Cada paciente irá manifestar a doença de uma forma diferente, com poucos ou muitos sintomas, além daqueles que não apresentam sintoma nenhum e podem carregar o vírus com o risco de transmiti-lo para outra pessoa”, explicou Lara Ramalho.

Thiago Wild
Tenista de Thiago Wild, de 20 anos, foi um dos esportistas brasileiros que foi infectado com a doença (Foto: Divulgação/Rio Open)

O risco maior da doença é em pacientes com mais de 60 anos e com doenças pré-existentes. Nos atletas, portanto, dificilmente o vírus deixará alguma sequela.

“O coronavírus é uma doença infecciosa aguda. Na maioria das pessoas ele não vai deixar sequela nenhuma, mas, dos 5% dos pacientes que vão à UTI por complicações pulmonares, espera-se que uma parcela terá sequelas respiratórias. A doença gera cicatriz, sequela e problemas futuros possivelmente nessa população de doentes graves que vai para o respirador, para o ventilador mecânico”, completou Ludhmila Hajjar.

Cuidados contra o vírus

Para quem se contaminou com o coronavírus, ainda não existe uma medicação específica para combatê-lo. A solução é esperar o ciclo viral terminar, o que leva de 1 a 3 semanas.

“As recomendações são as mesmas para os outros vírus: repouso, hidratação, manter uma boa alimentação rica em proteínas e vitaminas. Se estiver com sintomas, orientamos não treinar, pois além de poder transmiti-lo, pode postergar a recuperação ou desenvolver complicações mais raras de doenças infecciosas”, explicou Lara.

A disseminação do vírus de pessoa para pessoa acontece por gotículas respiratórias ou por contato. Portanto, além de se cuidar, o infectado tem que se manter isolado para não contaminar outras pessoas.

“Deve-se evitar aglomerações, suspender academias, visitas, reuniões com muitas pessoas. O isolamento social, de uma maneira genérica, é o fator mais associado ao controle da pandemia”, afirmou Ludhmila Hajjar. “É importante o atleta saber que, por enquanto, ele deve fazer a atividade física dele dentro de casa”.

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 Athos Schwantes, da esgrima, é um dos atletas que mantêm a rotina de treinos em casa (Foto: Reprodução/Instagram)
Athos Schwantes, da esgrima, é um dos atletas que mantêm a rotina de treinos em casa (Foto: Reprodução/Instagram)

Atenção na quarentena

Apesar de ser a forma encontrada para manter o condicionamento físico, existem alguns perigos em manter a rotina de exercícios dentro de casa sem o acompanhamento de treinadores, médicos e fisioterapeutas.

“O risco de lesões tem sido uma das nossas preocupações por não podermos estar presentes na rotina desses atletas de forma presencial”, explicou a médica do esporte Lara Ramalho. “Porém temos conversado sobre a importância de seguir as recomendações do seu treinador e as adaptações de treino realizadas neste momento de forma categórica.”

A médica reforça que a maior atenção dos atletas neste período deve ser com a saúde, especialmente com a alimentação.

“Temos orientado também em relação à alimentação, para não ‘pecar’ no consumo de embutidos e super calóricos – que são usados muitas vezes para um controle de ansiedade – e seguir as orientações de dieta com os novos treinos propostos”, afirmou a médica do esporte. “O sono é super importante. Manter a rotina, como a hora de acordar e dormir usuais, assim como o tempo de sono (em torno de 8 – 10h) deve também ser prioridade”, continuou.

Dominar o nervosismo

A brusca pausa na rotina de treinos intensos pode ser prejudial para o corpo do atleta.

“Pode afetar o atleta como um todo, do aspecto físico ao mental”, afirma Lara. “Como não há competições nas próximas semanas por conta da pandemia, os treinadores têm ajustado a periodicidade dos treinos para que o atleta não perca tanto em performance (pois todos, neste momento, estão perdendo de alguma forma).”

Portanto, o desempenho do atleta no futuro pode ser prejudicado, mas não exatamente pelo coronavírus, e sim pela quarentena.

“Alguns atletas podem estar ansiosos pelo retorno, por querer ‘recuperar o tempo perdido’ e, uma pequena dose a mais de treino, pode levar a uma lesão que aumente ainda mais o tempo de afastamento do atleta dos treinos”, alertou Lara Ramalho. Portanto, calma, atenção à saúde e isolamento são as principais recomendações para que atletas – e todos – superem este período.

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