O dia 5 de agosto de 2021 será um dos mais especiais da história do caratê. Daqui exatamente um ano, a modalidade fará sua estreia em Jogos Olímpicos, na edição de Tóquio-2020. O Brasil ainda não tem atletas classificados, mas está muito perto de ter. Vinícius Figueira, o melhor brasileiro no ranking mundial atualmente, chegou a ter a vaga garantida, mas por imbróglios da pandemia, terá de reconquistá-la. E Valéria Kumizaki terá duas chances de buscar a classificação. Fato é que ambos querem estar presentes nesse momento histórico do caratê em Tóquio.
E para marcar a contagem regressiva para esse momento tão especial, o Olimpíada Todo Dia conversou com os dois atletas para saber qual a situação das vagas e a expectativa deles para Tóquio-2020. Confira!
O processo de classificação
No caratê, os quatro primeiros colocados de cada categoria no ranking olímpico se classificam direto para Tóquio, sendo que só pode haver um atleta por país. O restante das vagas são distribuídas por dois critérios.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM E NO FACEBOOK
O Pré-Olímpico, que dará três vagas para Tóquio-2020 por categoria. E o desempenho continental dos atletas, que leva em consideração, por exemplo, os resultados dos Jogos Europeu e Pan-Americanos realizados no ano passado em Minsk (Belarus) e Lima (Peru), respectivamente. Assim, os medalhistas de ouro dos Jogos continentais que ainda não estiverem classificados pelo ranking ou pelo Pré-Olímpico ganham uma vaga.
+Entenda todos os detalhes da classificação do caratê para Tóquio
Além disso, há ainda mais um detalhe importante. Na Olimpíada haverá apenas três categorias por gênero, ao contrário do que acontece nas competições chanceladas pela Federação Internacional, quando há cinco categorias em cada. Assim, serão disputas as categorias -55 kg, -61 kg e +61 kg no feminino, e -67 kg, -75 kg e +75 kg no masculino.
Duas chances para Valéria
Valéria Kumizaki luta usualmente na categoria até 55 kg e ocupa a sétima posição do ranking mundial. Em Tóquio, entretanto, a sua categoria vai incluir também as atletas que disputam o peso até 50 kg. No ranking olímpico, a brasileira ocupa a posição de número 17, longe de conseguir a vaga direita para Tóquio.
No entanto, ela terá duas chances de garantir a vaga. A primeira delas será através do Pré-Olímpico em Paris, que foi adiado de maio deste ano para junho do ano que vem. Caso Valéria não consiga a classificação através do torneio, ela poderá entrar no critério de desempenho continental, já que foi campeã do Pan de Lima 2019.
O foco de Valéria Kumizaki, no entanto, é o Pré-Olímpico. Ela garante que vai forte para a disputa e o adiamento dos jogos pode ter sido um diferencial importante ela chegar ainda mais preparada em Paris.
“Estou treinando forte e focada. Não será fácil, mas estou me preparando para esse dia (Pré-Olímpico). Com o adiamento estou tendo a possibilidade de treinar golpes, técnicas que, com a correria das competições e viagens, não tinha tempo para aperfeiçoar. Então agora estou podendo treinar novas estratégias e estou usando esse tempo para melhorar e me aperfeiçoar”, destacou ao OTD.
A confusão da vaga de Vinícius
Vinícius Figueira viveu dias de indefinição há alguns meses. Ele luta na categoria até 67 kg, que se junta à de até 60 kg na Olimpíada. Assim, os dois melhores de cada uma delas se classifica direto. No ranking olímpico, ele é o quinto colocado, mas como têm três atletas da categoria até 60 kg a frente dele no ranking, se a lista fechasse hoje, Vinícius estaria, portanto, classificado diretamente para Tóquio-2020, sem precisar passar pelo Pré-Olímpico.
Em março, antes da definição sobre o adiamento dos Jogos, a WKF (Federação Internacional de Caratê) confirmou a vaga de Vinícius Figueira. No entanto, dois meses depois, a entidade atualizou os critérios de classificação, deixando o ranking aberto até abril do ano que vem. Com isso, a vaga do brasileiro já não está mais garantida.
+Federação muda regras, Figueira perde vaga, mas vai brigar
“A vaga está em aberto. A gente participou de 21 etapas e a última que somaria pontos para Tóquio seria no Marrocos em março, mas foi cancelada por causa da pandemia. A confederação divulgou que os atletas que já estariam classificados iam para a Olimpíada, que (o ranking) ia fechar do jeito que estava. Mas com o adiamento dos Jogos Olímpicos, eles vão ter tempo para fazer essa etapa que faltou”, explicou Vinícius.
Assim, em abril do ano que vem, ele vai com força total para a etapa do Marrocos da Premier League de Caratê para garantir o quarto lugar no ranking e classificação direta para Tóquio-2020. “A ideia é se preparar 100% para essa etapa do Marrocos. E eu vou brigar muito para reconquistar a minha vaga”, afirmou.
Preparação de peso
O baque da perda temporária da vaga foi grande para Vinícius Figueira. Mas tentando olhar “o copo meio cheio”, o adiamento dos Jogos teve seu lado positivo.
“Esse ano eu estava muito bem preparado, participando de várias competições, com bons resultados. Eu estava treinando na Turquia antes da etapa final no Marrocos, então eu tava com foco total nela, de manter essa vaga… Estava me sentindo muito bem para conquistar a vaga e já representar o país. Com o adiamento, eu ganhei uns 10 meses para me preparar exclusivamente para essa etapa do Marrocos. Então a ideia é chegar muito bem lá, foco total nela e depois, consequentemente, nos Jogos Olímpicos”.
+ SIGA O OTD NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E YOUTUBE
E para tanto, ele tem tido uma companhia de peso: Douglas Brose, bicampeão mundial, que também está em busca da vaga para o caratê em Tóquio-2020. “Hoje eu estou em Florianópolis, me preparando junto com o Douglas Brose, que é uma referência para mim. E nós dois estamos treinando juntos, com o mesmo objetivo de classificar para os Jogos Olímpicos. Então a gente se uniu para somar forças e conseguir essas vagas para o Brasil”.
Para fazer história
Há quem diga que, pela concorrência, se classificar no caratê é mais difícil do que conseguir uma medalha em si. E o Brasil já está muito perto de garantir a primeira parte dessa meta. Vinícius Figueira e Valéria Kumizaki estão entre os melhores do mundo, e uma vez asseguradas as vagas, terão 40% de chance de medalha. A primeira medalha olímpica da história do caratê brasileiro. E a expectativa não poderia ser melhor.
“Com certeza minha expectativa para Tóquio-2020 é sair de lá com uma medalha. Agora o objetivo é a classificação, foco total nisso. Mas a partir do momento em que tiver a vaga, é ir para Tóquio brigar pela medalha de ouro. A classificação é bem dura, seleciona 10 atletas por categoria, então todos os que estiverem lá vão estar muito bem preparados. Vai ser uma honra e um orgulho muito grande para mim estar nos Jogos Olímpicos, representando meu país e meu esporte. E a oportunidade de fazer história, conquistando a primeira medalha olímpica do caratê”, ressaltou Vinícius.
“Nós todos do caratê estamos felizes em poder ter a nossa modalidade das olimpíadas. E eu quero muito estar lá fazendo história. Será uma alegria imensa para todo nosso esporte. Demorou, mas chegou a nossa vez!”, concluiu Valéria Kumizaki.