Bicampeão do mundo e dono de dez medalhas de ouro pan-americanas. Com tantas conquistas, não há como negar que Douglas Brose é o maior nome da história do caratê brasileiro. Mas ele não se deixa acomodar por conta da fama e dos títulos. O carateca quer mais da carreira! O sonho dele é o pódio olímpico e a eliminação precoce, na terceira rodada, do Mundial do ano passado o incomodou. Por conta disso, Brose resolveu que precisava se reinventar. E conseguiu! O resultado foi que ele voltou a brilhar no Pan disputado no último final de semana em Curaçao.
“No Mundial, eu cometi algumas falhas, não só no Mundial, mas, em algumas competições antes, eu estava cometendo também mesmo ganhando. Não eram falhas técnicas, mas algumas falhas de estratégia. Dei uma atenção especial para isso, para consertar essa parte estratégica, tendo em vista que, por causa dos meus resultados da minha carreira, os outros atletas acabam me estudando muito e isso me dificulta porque muitas vezes eles sabem na ponta da língua tudo o que eu vou fazer. Então tive que mudar um pouco a estratégia para eu conseguir surpreender eles mesmo com eles já me conhecendo”, explicou Douglas Brose.
Para alcançar seu objetivo, o carateca preferiu deixar de lado as quatro primeiras etapas da Premier League, o circuito mundial da modalidade, para se dedicar aos treinamentos. “No início desse ano, eu procurei fazer uma base de treinamento um pouco mais forte e não fui para as primeiras etapas da Liga Mundial. Dei preferência para começar meu ciclo de competições um pouco mais tarde e ajustar bastante coisas que eu tinha errado no ano passado. Comecei a competir em Las Vegas no US Open, que é uma competição forte, e agora o Campeonato Pan-Americano”.
As mudanças puderam ser vistas no Campeonato Pan-Americano e Douglas Brose passou como um raio por seus adversários. Foram ao todo oito vitórias em oito lutas, quatro na competição individual e outras quatro por equipes. “Esse foi meu quarto título pan-americano consecutivo. No total, são cinco títulos pan-americanos no individual e cinco por equipes, então são dez medalhas de ouro em campeonatos pan-americanos. Deu certo, consegui lutar muito bem tanto na categoria quanto na equipe e volto para casa com um bom termômetro do que eu tenho que continuar fazendo. Lá também eu cometi alguns erros, que já estão anotados para eu não cometer mais e assim vamos construindo de competição a competição”.
Douglas Brose quer tirar lições de cada competição que disputar para continuar crescendo e chegar no auge na Olimpíada de Tóquio. A disputa por vagas começa só no ano que vem. A classificação para os Jogos vai levar em conta apenas os resultados de 2018 e 2019. O atleta destaca, além dele, outros três atletas em boas condições de brigar pelo sonho olímpico: Valéria Kumizaki, Hernâni Veríssimo, que também foram ouro no Pan de Curaçao, e Vinícius Figueira, que acabou eliminado precocemente da competição.
“Acredito que sim. Se pegássemos o ranking mundial hoje para saber quem teria índice olímpico, seria só eu e a Valéria Kumizaki, mas até 2019 muita coisa vai mudar ainda. Talvez mude o formato da Liga Mundial. Então isso dá uma disputa muito grande. Mas esses quatro atletas têm um peso muito forte e com certeza vão disputar vagas no ranking para conseguir estar em Tóquio 2020”, acredita.
Os nomes de Douglas Brose, Valéria Kumizaki e Vinícius Figueira são conhecidos há tempos no mundo do caratê. Os três já conquistaram muitos resultados importantes e já foram medalhistas em Mundiais. A novidade que se junta a eles é Hernâni Veríssimo, principal revelação da modalidade e que já é bicampeão pan-americano.
“Ele chegou muito bem a nível pan-americano. Conversei com ele durante a competição. Agora a gente tem que se testar na Europa até porque o nível pan-americano é completamente diferente do europeu. O resultado pan-americano é muito importante, mas agora, quando a gente começar a entrar no ritmo de competição na Europa é que a gente vai começar a ter esse feeling do que a gente ainda vai precisar mudar para ser competitivo”, acredita o bicampeão do mundo, que não terá dúvidas de se reinventar de novo se for preciso para alcançar seu sonho olímpico.