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Canoagem Velocidade

Com o ouro no peito, Isaquias manda recado para Erlon de Souza

Brasileiro venceu o C1 1000 no Pan de Lima e aproveitou para encher de moral seu parceiro de canoa no C2 1000, que passou mal na final da modalidade dois antes obrigando ambos a se retirarem da disputa pelo ouro

O primeiro dia da canoagem de velocidade nos Jogos Pan-Americanos tinha apenas uma final programada. Era no C2 1000, com um duelo promissor entre Brasil e Cuba, duas nações com histórico de rivalidade riquíssimo no esporte. De um lado, Isaquias Queiroz e Erlon de Souza, medalhistas de prata da prova nas Olimpíadas do Rio 2016 e dois maiores canoístas do mundo na atualidade. Do outro, Fernando Jorge e Sergey Madrigal, apontados pelo próprio Isaquias como ameaça real.

Estava tudo pronto. Barcos alinhados, espectadores sem piscar nas arquibancadas, câmeras apontadas para a largada e no ar a tensão típica dos instantes que antecedem uma final desse porte. Eles largaram, começaram a remar e as duas canoas foram se destacando. Até que ainda antes da metade dos mil metros, a canoa brasileira para. Isaquias chama pela lancha, que vem e retira Erlon de Souza de cadeira de rodas do local da competição. A cereja do bolo do dia acabara ali. Erlon teve um mal súbito e precisou abandonar a prova.

A Confederação Brasileira de Canoagem tranquilizou todos logo, não fora nada clinicamente grave. Mas moralmente tem potencial para acabar com um atleta. Álvaro Koslowski, chefe da delegação da canoagem de velocidade em Lima e com larga experiência como atleta, afirmou no dia categoricamente que “a pior coisa que um atleta pode fazer é não completar uma prova”. Acrescentou que aquele deveria ser o pior momento dele, Erlon.

Erlon de Souza da Canoagem de Velocidade

Erlon sai de cadeira de rodas da raia em Huacho (Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br)

Dois dias depois Isaquias Queiroz voltou à raia para disputar a final do C1 1000 tendo como maior rival o cubano Fernando Jorge. Desta vez tudo correu como o esperado, inclusive a vitória com folgas do agora bicampeão pan-americano da prova. Com o ouro no peito, ele mandou um recado para o parceiro e comentou sobre o ocorrido.

“Parceiro, a gente está junto. Espero que você possa se recuperar logo aí, porque amanhã (terça 30) a gente chega no Brasil e quarta-feira já tem treinamento do C2, então vai preparando o couro já”, falou, sorridente, com a simpatia e leveza típica do maior canoísta brasileiro de todos os tempos.

Isaquias Queiroz aproveitou também para comentar sobre o ocorrido. “É muito complicado você não completar uma prova, ainda mais do jeito que foi. Eu ainda não tive a oportunidade de conversar com ele. Ele foi direto para a Vila Olímpica (Pan-americana, na verdade) fazer os exames”, falou.

Com sua mentalidade de campeão, motivou o parceiro usando o melhor combustível para um atleta de ponta, o desafio. “Espero que ele esteja bem, porque o mundial tá em cima, né. E ele e eu estávamos treinando todos os dias, muito forte. A gente não quer ficar fora das vagas olímpicas”.

O agora bicampeão panamericano rasgou elogios e confiança no parceiro. “Eu sei muito bem do potencial dele. O Lauro (técnico) também sabe do potencial do Erlon e sabe o potencial do C2. A gente estava bem confiante para ganhar essa prova. Ele deve estar muito triste porque os Jogos Pan-Americanos são iguais à uma Olimpíada: só tem de quatro em quatro anos e é muito ruim para qualquer atleta ficar fora do pódio assim. Agora é voltar para casa, levantar a cabeça porque o foco é o mundial e tem tudo para a gente dar a volta por cima”, completou.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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