O boxeador Esquiva Falcão pegou a todos de surpresa na última semana, quando anunciou nas redes sociais que está vendendo sua medalha olímpica. Mais do que os 50 mil dólares (cerca de R$ 250 mil), a atitude serve como uma forma de protesto contra a falta de reconhecimento das entidades que comandam o esporte brasileiro.
“Já vinha pensando nisso há muito tempo, porque o medalhista olímpico só é reconhecido um ano antes, durante e um ano depois dos Jogos Olímpicos. Após isso, ele é esquecido. E a medalha é para a vida toda, mas nós, atletas olímpicos, não temos o reconhecimento da altura da medalha olímpica”, argumentou.
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Após conquistar a medalha de prata nos Jogos de Londres, Esquiva Falcão decidiu deixar o boxe olímpico e rumar para o profissional, financeiramente mais recompensador. A partir desta decisão, ele parou de receber o Bolsa Atleta e não ganhou uma premiação pela conquista de 2012, a primeira brasileira na modalidade.
“Não ganhei bônus pela medalha e acabei perdendo todo o dinheiro que tinha. Eu vou doar os 10% e o que sobrar vai ser meu prêmio. Eu vou me presentear. Triste falar isso, porque eu vou ter que vender algo que tem um valor sentimental muito grande para poder receber um prêmio que eu não recebi em 2012”, afirmou.
Boxe profissional e propostas pela medalha
Esquiva Falcão tem um cartel invejável desde que estreou no boxe profissional, em 2013. O capixaba de 30 anos venceu as 26 lutas que disputou, sendo 18 por nocaute. Agora, ele está no aguardo para decidir o tão sonhado título do cinturão dos pesos-médios.
“Quando eu falei que queria vender a medalha, foi uma pancada muito forte para muitas pessoas. Algumas pessoas mandaram mensagens falando para eu não vender. Mas, depois que eu expliquei melhor a situação, eles entenderam e começaram a me apoiar. É uma decisão difícil, mas vai ser o melhor, não para mim, mas para o esporte brasileiro”, disse.
A opção de negociar a medalha não foi fácil. O boxeador estava planejando isso há muito tempo e não sabia qual valor cobrar, mas acredita que a prata estará em boas mãos. Sua esposa, porém, não apoia a ideia.
“Fui muito difícil colocar um preço na medalha, até porque ela não tem um preço. Não se pode comprar uma medalha. A medalha é de conquista, de sofrimento, de luta, de batalha. Para conquistá-la, tem que se classificar, ir para os Jogos e vencer. É muito difícil. Para uma medalha que não tem preço, 50 mil dólares (cerca de R$ 250 mil) não é muito caro. Acredito que não é qualquer pessoa que pode comprar. Tem que ser alguém muito fã de esporte, de mim e do boxe. É uma pessoa que vai cuidar muito bem dela”, afirmou.
Passados sete dias desde o anúncio, Esquiva Falcão já recebeu quatro propostas pela medalha, todas no valor estipulado. Como o pugilista quer entregar pessoalmente o prêmio e pensa até em realizar o encontro com presença da imprensa, a pandemia do Coronavírus travou a concretização do negócio.