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Bia Ferreira busca no Mundial medalha perdida em 2018

Com 23 medalhas em 24 competições disputadas desde 2017, Bia Ferreira vai atrás do único pódio que ficou faltando na trajetória até aqui

Bia Ferreira, do boxe
Jone Roriz/COB

Maior nome do boxe brasileiro na atualidade, Bia Ferreira vai para o grande desafio de sua vida neste final de semana. A atleta estreia domingo (06), no Mundial da modalidade feminina de 2019 e começa sua trajetória atrás da única medalha que perdeu neste ciclo de Tóquio 2020. A boxeadora conversou com o Olimpíada Todo Dia de forma exclusiva e disse o que espera do torneio.

Em 2018, na segunda rodada da competição, Bia Ferreira enfrentou a sul-coreana Oh Yeon-Ji, adversária que já havia vencido por decisão unânime, e no Mundial acabou derrotada por 3 a 2. Com o resultado, a brasileira foi eliminada da competição e deu adeus ao sonho da medalha.

“A pior coisa que tem é decepção. Naquele momento (da derrota no Mundial), eu me decepcionei comigo mesma. Mas penso que tudo de ruim que já aconteceu na minha vida é para que eu tire uma lição e para que eu amadureça. Aquele momento ruim serviu para que percebesse que é preciso ter confiança, ter experiência, mas nunca deixar transbordar, nunca pensar que é a melhor de todas. Dessa vez eu vou para fazer diferente, para buscar o medalha que eu perdi”, confessou Bia Ferreira visivelmente emocionada.

Jonne Roriz/COB

Aos 27 anos, a baiana tem um retrospecto quase perfeito nos últimos anos. Desde o começo de 2017, a boxeadora participou de 24 competições e chegou ao pódio em 23 oportunidades. Neste período, de acordo com a contagem da Confederação Brasileira de Boxe, Bia Ferreira possui somente cinco derrotas. Apesar do bom momento que vive no ciclo olímpico de Tóquio, a atleta assume que teve que fazer uma mudança.

“Teve uma época que eu só era a atleta. Hoje, eu sei separar a boxeadora, da pessoa e acho que isso é amadurecimento. Eu vou subir no ringue e me divertir lá na Rússia. Ano passado (no Mundial), eu só fui a atleta e quando eu me divirto lutando é quando eu consigo os resultados”, ressalta.

Beatriz Ferreira no pódio com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 – Jonne Roriz/COB

Apesar de todas as conquistas que teve nos últimos anos, Beatriz Ferreira vai aos treinos todos os dias e sobe nos ringues ao redor do mundo por outro motivo: “É o orgulho que meus pais sentem de mim, que me faz seguir. Eu não desisti graças a minha perseverança para superar todos os obstáculos que existiram até aqui e que ainda vão vir. Eu corro atrás do meu sonho e estou realizando ele aos poucos”.

A importância da família

Se agora, no auge de sua carreira no boxe, Bia Ferreira luta pelos pais é porque eles foram essenciais no momento mais difícil de sua vida. Aos 21 anos, a boxeadora foi proibida de lutar. Em 2014, a Federação Internacional de Boxe divulgou uma regra que impedia os atletas de lutarem outra arte marcial que não fosse o boxe.

Para poder se manter financeiramente, Beatriz Ferreira já havia feito algumas lutas de muay thai. Quando a atleta estava prestes a disputar o Brasileiro de boxe o mundo veio a baixo. Momentos antes de entrar no ringue, uma das oponentes entrou com um recurso pedindo a exclusão de Bia por conta dessa regra. Como havia infringido a norma, Beatriz foi excluída e, posteriormente, suspensa por dois anos.

Brasileiro Feminino de Boxe

Divulgação

Longe do que mais ama, Bia assume que ficou perdida nesse tempo. Sem saber o que faria. Dentre as pessoas da família que estiveram por perto, uma foi especial. Se Bia Ferreira subiu no ringue pela primeira vez, aos 15 anos, a “culpa” é de Raimundo Ferreira. Seu Sergipe, como é conhecido, é muito mais do que o pai da atleta.

“Ele é tudo para mim. Ele me ensinou a amar esse esporte. Se ele não estivesse presente (em todos os momentos),  eu acho que eu não teria o sentimento pelo boxe que eu tenho. Eu não seria a atleta e a pessoa que eu sou hoje”, disse.

Apesar de competir o primeiro ciclo olímpico da carreira, Bia Ferreira sabe o tamanho da expectativa que as pessoas colocam nela. Mesmo assim, a boxeadora não perde o sorriso e o jeito brincalhão. Bia tem na resposta sobre a relação com o boxe a explicação para levar tudo de forma leve no dia a dia, superando os obstáculos que aparecem no caminho.

“Eu sou um ser humano apaixonado pelo boxe. Adoro boxe. Eu sou movida pelo esporte e tenho o sonho de conquistar uma medalha olímpica. Me apaixonei pela modalidade por causa do meu pai, sou muito feliz em poder trabalhar com o que eu mais amo e estou ajudando a escrever a história do boxe feminino do Brasil”, finaliza.

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