No basquete brasileiro existem atualmente duas grandes competições de clubes: o NBB (Novo Basquete Brasil) e a LBF (Liga de Basquete Feminino). Apesar de serem campeonatos da mesma modalidade, muitos aspectos diferenciam as duas ligas.
A competição dos homens nasceu em 2008/2009, enquanto a das mulheres foi criada em 2010/2011. Enquanto a masculina logo engrenou, a feminina derrapou em seus primeiros anos, chegou a ser gerida por duas temporadas pela LNB (Liga Nacional de Basquete) e só começou a dar sinais de reação em 2018, quando Ricardo Molina, ex-dirigente da equipe de Americana, assumiu o comando da LBF.
“A proposta foi pensar em algo de médio e longo prazo, o que nunca tinha sido feito no país na modalidade. O cenário anterior era de um torneio nacional com seis times e com os participantes sendo informados das condições para o torneio sempre em cima da hora. A nossa ideia e iniciativa foi mudar isso. Começamos a trabalhar de forma mais clara e transparente em prol do basquete feminino”, explicou Fernando Maroni, superintendente da LBF nas últimas três temporadas.
Diferenças entre as ligas
No NBB, a temporada dura cerca de nove meses, levando em conta o período de playoffs. Já na LBF são seis meses de competição. Segundo Maroni, o calendário e o tamanho da competição foi pensado em benefício para as jogadoras.
“Antes a temporada era igual a do masculino, começando no segundo semestre e terminando no primeiro do ano seguinte. Quando pensamos em mudar o calendário levamos em consideração alguns fatores. Com o torneio acontecendo entre março e agosto, as jogadoras que atuam no exterior conseguem atuar aqui e não precisam escolher entre o Brasil e a Europa, por exemplo. Entramos em acordo com a federação de São Paulo, que é o estado com mais times na LBF, para que o estadual aconteça entre setembro e dezembro. Com isso, as atletas que não jogam fora conseguem manter um contrato de praticamente um ano atuando no país”.
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Além do tamanho da competição, outra diferença é a quantidade de equipes. Na última temporada do NBB, 16 times representaram quatro regiões do país. Já na LBF, oito equipes, de três regiões, participaram da edição de 2020, que foi cancelada em razão da pandemia do coronavírus.
Segundo a LBF, a quantidade de equipes participantes nas temporadas não preocupa. “Nossa mentalidade não é ter a maior quantidade de times. Temos um processo de aceitação dos times e em algumas temporadas recusamos a inscrição de representações. Nosso pensamento é ter times que consigam se manter durante toda a temporada, em vários sentidos”, diz Maroni.
Isso aconteceu para a temporada de 2020. Segundo a organização da LBF, para este ano 11 equipes se inscreveram para disputar a competição, contudo, por conta das diretrizes que a liga possuí, três times tiveram sua entrada negada e o torneio teria oito representantes.
Olho no futuro
Apesar de serem duas ligas de basquete, NBB e LBF trabalham de forma diferente. Uma forma de perceber isso é o olhar para o futuro da modalidade que cada uma tem.
O NBB trabalha com a Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB) desde 2011. Quando nasceu, o torneio era considerado o campeonato nacional sub-21. Com o decorrer das edições, a faixa etária dos atletas mudou um pouco, mas a LDB não deixou de ser o maior torneio de base da modalidade no país.
Nomes conhecidos do grande público e que brilham em quadras ao redor do país e do mundo como Yago, Lucas Dias, Bruno Caboclo e Cristiano Felicio passaram pela LDB e chegaram a conquistar o título da competição. Além de preparar as gerações futuras, a liga é fonte de atletas que integram as seleções brasileiras de base.
Entre as mulheres, a história é um pouco diferente. A LBF não tem uma competição de base para que as meninas mais novas consigam se desenvolver. Segundo o posicionamento da entidade que organiza a principal competição de basquete feminino do país, isso se deve pelo foco escolhido.
Muito além do jogo
“Não temos uma competição de base pois preferimos focar no adulto. Temos movimentos de integração social com as cidades, comunidades e escolas, visando fomentar o esporte com os mais jovens, mas pensamos em focar na categoria principal. Para nós, hoje, é importante ver que as meninas que atuam na LBF estão na seleção brasileira e os nossos projetos sociais vão, no futuro, trazer frutos para o basquete”.
Organizar um campeonato não é só se preparar para o jogo. Nos mais de 10 anos em que estão organizando as competições de basquete no país, NBB e LBF vem crescendo aos poucos, aumentando o número de parceiros e consequentemente ganhando notoriedade.
Caminhando para a sua 13ª edição, na temporada 2020/2021, o NBB tem conseguido aumentar o número de parceiros a cada ano que passa. Sejam eles por períodos longos ou para ações específicas, a quantidade de empresas que ajudam a entidade que organiza o maior campeonato de basquete masculino do país cresce.
Atualmente, além dos incentivos públicos do governo para o esporte, o NBB conta com quatro patrocinadores oficiais, uma marca oficial, uma empresa responsável pelas bolas, quatro emissoras oficiais e dois parceiros de redes sociais.
Qualificando o produto
Com isso, foi possível dar qualidade ao produto. Um exemplo foi o de oferecer a transmissão de 100% das partidas da temporada, pela TV aberta, fechada, streaming e redes sociais. Além disso, a presença do NBB nas redes sociais é forte. No Twitter, a conta da liga tem cerca de 138 mil seguidores e realiza transmissões ao vivo das partidas nas plataformas digitais.
Além disso, para momentos específicos, como o Final de Semana das Estrelas e a Festa para os Melhores de cada temporadas, o NBB conta com parceiros temporários que auxiliam na realização de cada um dos eventos.
QUE MOMENTO, TWITTER BR!
🎆🎆🎆🎆🎉🎊Somos 10 mil por aqui também! O apoio e o carinho de vocês são fundamentais para a nossa modalidade seguir crescendo! Nosso muito obrigado a cada um que curte o nosso basquete feminino! E quem tá chegando agora, seja muito bem-vind@! 🏀🥰💪 pic.twitter.com/opudXrUeGQ
— Liga de Basquete Feminino (@LBF_Oficial) July 4, 2020
Pioneirismo na TV
Já a LBF tem um cenário diferente. A liga foi a primeira competição brasileira a ter 100% dos jogos transmitidos. Isso aconteceu há três temporadas, quando o torneio fechou acordo com o serviço de streaming TVNsports, seu parceiro de mídia, e manteve as transmissões em TV aberta, em um primeiro momento com a TV Gazeta e atualmente com a TV Cultura.
A liga conta também com um patrocinador oficial, que é a Caixa Econômica Federal. Além disso, a organizadora da competição de basquete feminino possuí uma marca oficial de material esportivo e uma companhia aérea parceira.
Nas redes sociais a diferença é ainda maior. Apesar do movimento recente de mulheres no twitter para aumentar o número de seguidores, a LBF tem hoje cerca de 13,8 mil seguidores na rede social, cerca de 10% do que o NBB possuí. Perguntado sobre isso, Maroni é realista.
“Não temos um número grande se comparado com outras ligas. Mas os números que estão em nossas redes sociais é de um público fiel, que acompanha, participa e consome o basquete feminino no país. A porcentagem de engajamento deste público é muito boa”.