O basquete feminino do Brasil ressurgiu com o título da seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. A ala/pivô Damiris não participou da conquista porque estava atuando pelo Minnesota Lynx, na WNBA. Porém, ela esteve em quadra na AmeriCup e nos Pré-Olímpicos continental e mundial. Mesmo sem a vaga aos Jogos Olímpicos de Tóquio, a atleta está feliz com a retomada e otimista com o trabalho do técnico José Neto.
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“Considero uma retomada. Vejo o basquete feminino com mais visibilidade do que tinha há um tempo, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) apoiando mais e nós jogadoras também mais interessadas, disponíveis e treinando mais. Acredito que estávamos no abismo e sem bons resultados, mas viramos a chavinha e agora estamos em uma crescente. Estou feliz com tudo que está acontecendo com a seleção feminina”, afirmou a atleta.
“Fiquei muito triste e frustrada por não ter conseguido a classificação para Tóquio, mas, ao mesmo tempo, bem feliz porque vejo uma evolução e uma seleção brasileira jogando com outra cara e de igual para igual com muitos times bons. Acho que agora estamos no caminho certo”, acrescentou Damiris, com exclusividade ao Olimpíada Todo Dia.
Dificuldade em digerir perda da vaga
A ausência em Tóquio ocorreu porque o Brasil foi derrotado por França, Austrália e Porto Rico no Pré-Olímpico realizado no país europeu, em fevereiro deste ano. O revés mais lamentado foi diante do rival caribenho, já que Damiris e suas companheiras estiveram na frente durante quase toda partida, cedendo o empate nos segundos finais e sofrendo o resultado negativo na prorrogação, por 91 a 89.
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Recordar esses momentos ainda é difícil para Damiris. Assim que acabou o torneio a atleta retornou para Coreia do Sul, país em que atuava pelo clube Busan Sum. Já são quase quatro meses e a ala-pivô ainda tem dificuldades para digerir o que aconteceu e se emociona quando relembra os esforços feitos na retomada não ter sido recompensado com a vaga em Tóquio.
“Segue sendo difícil falar sobre o assunto porque esse grupo merecia muito essa classificação pelo tanto que trabalhou. Eu tinha contato direto com o Neto, com o Diego (Falcão), preparador físico, e com as meninas do departamento médico. Todos os envolvidos trabalharam muito, mas não conseguimos o resultado”, disse.
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“Por outro lado, continuo contente por ver a evolução do basquete feminino e de cada jogadora. Mesmo que ainda doa e seja difícil falar sobre, temos que tirar o melhor do que aconteceu para não repetir nas próximas competições”, completou Damiris, que está com 27 anos e tem contrato com o Minnesota Lynx, da WNBA.
Ressurgimento com Neto
As derrotas no Pré-Olímpico mundial são difíceis de serem superadas, no entanto, mostraram que o Brasil consegue jogar de igual para igual com rivais fortes como França e Austrália. Antes disso, a seleção conquistou bons resultados em 2019, na edição continental do classificatório para Tóquio, na medalha de bronze na AmeriCup e no título do Pan-Americano. Nesses torneios José Neto iniciou a retomada do basquete feminino.
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“Brinco com a Clarissa que o Neto foi um anjinho que chegou para mudar tudo. Ele dispensa comentários pelo profissional que é e ama o que faz. É um cara que está estudando todos os dias e trouxe coisas do masculino para agregar ao feminino. O mais interessante do Neto, e já falei isso para ele, é que está sempre aberto para aprender. Ele precisava conhecer as atletas e se mostrou aberto ao papo e a nos ouvir para saber o que estávamos pensando”, contou.
“Essa relação com ele é muito importante e isso faz com tenhamos mais confiança. Ele é um treinador que posso ligar a qualquer hora para conversar que estará disponível. É um excelente profissional tanto dentro da quadra, nos treinamento, quanto fora, por esse lado humano de conversar e entender. Isso fez total diferença e passou muita confiança”, concluiu Damiris.
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Na entrevista com o OTD, Damiris se mostrou inconformada com os últimos acontecimentos de racismo no Brasil e nos Estados Unidos e convocou amigos e companheiras para se posicionarem em conjunto no combate ao preconceito. A jogadora também se posicionou em suas redes sociais e considera que seu papel na sociedade vai muito além do basquete.