Não é segredo para ninguém que a população negra sofre com racismo há séculos e com frequência a temática volta à tona por conta de mortes ou ações em que negros sofrem opressão devido à cor de sua pele. Inconformada com os últimos acontecimentos no Brasil e nos Estados Unidos, a ala-pivô Damiris convocou amigos e companheiras para se posicionarem em conjunto no combate ao preconceito racial.
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No último dia 25, George Floyd foi morto por um policial nos Estados Unidos. Ainda em maio, o garoto João Pedro, de 14 anos, foi baleado e faleceu durante operação policial no Rio de Janeiro, no Complexo do Salgueiro. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Damiris abordou diversos assuntos e um deles foi o preconceito que os negros sofrem, suas experiências pessoais com o tema e a preocupação com sua família.
Necessidade de se posicionar
“Esse é um assunto que mexe muito comigo. Quero e preciso me posicionar mais. Acho muito importante os atletas se posicionarem. Nosso papel na sociedade não é só ir lá fazer cesta. Crianças vão assistir aos nossos jogos e estão nos acompanhando o tempo inteiro e são elas que, se Deus quiser, vão mudar o mundo. Temos que ser exemplo e estarmos mais atentos a esses assuntos. Precisamos sair da bolha e nos unir”, afirmou Damiris.
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Ela contou que criou um grupo com outros atletas para que juntos suas vozes ganhem mais força e consigam modificar o cenário preconceituoso. “Podemos ajudar muitas pessoas. É mais difícil me posicionar sozinha, por isso, quero trazer meus amigos e minhas companheiras para nos posicionarmos juntos, pois em conjunto adquirimos uma força maior e é disso que nós precisamos”, acrescentou a ala-pivô.
Experiência pessoal
Antes da paralisação do basquete devido à pandemia de coronavírus, Damiris estava jogando na Coreia do Sul. A atleta tem passagens também por ligas da Espanha e dos Estados Unidos, país em que deve retornar em breve, já que tem contrato com o Minnesota Lynx. A ala-pivô relatou que não sofreu com racismo nesses países, mas conhece amigas que já foram discriminadas. No Brasil, ela vivenciou o preconceito por algumas vezes.
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“Já joguei na Coreia, Espanha e Estados Unidos e nunca sofri nada, mas tenho amigas que já passaram por isso. No Brasil, na minha profissão nunca tive, mas fora do basquete já. É quase impossível você perguntar para um negro se ele já passou e ele falar que não. Passei por isso quando entrei em uma loja cara de um shopping e o segurança passou a me seguir por não acreditar que estava ali para comprar”, ressaltou Damiris.
Preocupação com a família
“É muito triste. É difícil. Dói ter que tomar cuidado onde vou entrar e como vou falar só porque sou preta. Fico preocupada também com minha família, meus primos e sobrinha. Tenho que falar para meu primo nunca se esquecer de levar o documento e para ele tomar cuidado com o que carrega para não ser confundido e levar um tiro”, concluiu a jogadora, que também se posicionou com firmeza contra o racismo em suas redes sociais.