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Paris 2024

José Neto: Trabalho e continuidade para Paris 2024

Em live com o OTD, técnico da seleção feminina José Neto falou sobre a continuidade do trabalho visando Paris 2024

Em maio de 2019, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), anunciava José Neto como o novo técnico da seleção feminina. Com menos de um ano no cargo, o treinador, com passagens pelos times masculinos do Paulistano, Joinville e Flamengo, colocou a equipe em outro patamar. Tudo isso após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima e o terceiro lugar na Americup.

Durante uma live com o Olimpíada Todo Dia, Neto comentou sobre o momento e a sua trajetória na modalidade.

Foram 16 anos de Paulistano e quatro temporadas no comando do Flamengo, conquistando vários títulos. Em ambas, fica claro sua linha o caminho que ele busca para ter sucesso: trabalho e continuidade.

Decidido a implementar um método de trabalho e um jeito de jogar basquete único na seleção, José Neto precisa de continuidade e sinergia entre todas as categorias. “Pensamos em uma trabalho de médio/longo prazo buscando sempre a melhor posição possível. Com a continuidade, que vai acontecer, vamos estar mais prontos e vai ser uma disputa mais leal em um futuro”, comentou.

Pensamento no futuro

Contudo, parte da seleção brasileira feminina que participou do ciclo para Tóquio já passou dos 30 anos. É o caso de Erika, Clarissa e Nádia, por exemplo.Por isso, é preciso pensar no futuro e pensar na base. Desde de sua chegada, José Neto tem trazido para a equipe jogadoras mais jovens e que se encaixam no que ele pensa para o basquete. Isso já projeta que para daqui a alguns anos, será necessário uma mudança.

“Um dos projetos com a CBB é o trabalho com a formação. Nós acreditamos que a jogadora só vai virar jogadora se tiver talento, mas não pode ser assim. Precisamos preparar os treinadores. Quanto mais técnicos capacitados, pensando da mesma forma, mais jogadoras podem vir, aumentando assim o número de atletas jogando basquete e fazendo com que a modalidade como um todo no país se fortaleça”.

Falta uma escola de técnicos

Infelizmente, hoje o Brasil não tem uma escola de técnicos de basquete. No país, cada uma dos profissionais que seguem a carreira tem que buscar ajuda com quem já está trabalhando. Foi assim que Neto fez quando entrou no Paulistano, ou em cursos ministrados em outros países, como nos Estados Unidos e na Europa.

Para o técnico da seleção, para melhorar o nível jogado no país, o caminho mais rápido é unificar um modelo de jogo, em todos os clubes e categorias. Isso faria com que a atleta chegue ao adulto, e consequentemente à seleção, mais acostumada com a metodologia.

“Dentro da universidade eu vi várias opções do que poderia fazer e durante muito tempo eu dei aula na faculdade, que é quando você consegue ensinar quem vai ensinar. Eu acredito muito que para se ter um time adulto forte, você precisa ter uma base forte. Se a formação dos técnicos for a mesma, eles terão estilos parecidos e as meninas chegariam no profissional mais acostumadas com tudo, acelerando o processo na seleção”.

“Ano” com sensações diferentes

“Eu entrei na faculdade sabendo que queria ser técnico de basquete, que trabalharia com basquete”. Essa é a fala de José Neto quando comenta sobre a escolha que fez pela carreira e como ela se deu. O começo aconteceu aos 21 anos, na escolinha de basquete do Paulistano. No clube, o técnico passou por todas as categorias até chegar ao adulto, 16 anos depois.

Além do time da cidade de São Paulo, José Neto treinou o Joinville, Flamengo, teve algumas passagens por seleções de base, uma passagem rápida pelo Japão, antes de assumir o comando da seleção feminina. Quando chegou, Neto sabia da situação e dos desafios que teria pela frente, mas sabia o que queria.

“Quando eu assumi, precisava formar um grupo de trabalho, precisava de uma metodologia, precisava que isso fosse passado para as categorias de base e isso foi feito. Com isso as meninas acabaram “infectadas” e compraram a ideia. Com 15 dias de trabalho, o resultado dos Jogos Pan-Americanos motivou para a sequência”.

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A sequência não era fácil. Para tentar disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, a seleção brasileira precisava conquistar a pela Americup, passar pelo pré-olímpico continental e disputar uma das 10 vagas restantes no pré-olímpico mundial.

Na Americup, após passar alguns anos sofrendo contra seleções de menos tradição na modalidade, o Brasil conseguiu o terceiro lugar. Ficou atrás somente das duas potências do continente, Estados Unidos e Canadá. No pré–olímpico continental, disputado na Argentina, foram três vitórias incluindo uma contra as donas da casa na última rodada. E a vaga para o último qualificatório estava garantida.

Decepção na França

No pré-olímpico mundial, o Brasil ficou no grupo com França, que era a dona da casa, Austrália e Porto Rico. A seleção brasileira foi derrotada pelas três adversárias e o sentimento de frustração existiu. Sobre o que passou com as meninas na competição que não deu a vaga para o país nos Jogos Olímpicos de Tóquio, José Neto é direto.

“A frustração existiu porque nós mesmos criamos essa expectativa (de conquistar a vaga) pelo trabalho positivo que foi feito, por enfrentar Austrália e França jogando de igual para igual. Mas todas as seleções tinham um trabalho maior com o nosso, com mais tempo. Precisamos pensar no que foi bem feito”.

Brasil em Paris-2024

Com a não classificação para Tóquio, as Olimpíadas de Paris em 2024 já começaram para o Brasil. Com o adiamento dos Jogos Olímpicos do Japão para 2021, diferente das 12 seleções que disputarão o torneio de basquete feminino na capital japonesa, a seleção brasileira terá um ciclo olímpico completo e “ganhará” um ano de vantagem em comparação com algumas equipes.

Contudo, para se pensar na França daqui pouco mais de quatro anos, é preciso mais uma vez pensar em etapas. Antes dos Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil disputará torneios continentais, tentará uma vaga no Mundial que acontecerá na Austrália em 2022, para depois pensar em Olimpíada novamente.

“Temos que formatar o time para jogar em uma esfera mundial. Não posso formatar pensando em ganhar o Sul-Americano. Se conseguirmos colocar o Brasil na briga das maiores competições, vamos estar bem no âmbito Sul-Americano”.

Olhando para o time dentro de quadra, José Neto sabe qual é uma das necessidades para que o Brasil acompanhe a evolução que o basquete está tendo ao redor do mundo. “Preciso melhorar o time fisicamente, para conseguir jogar mais intensamente e durante mais tempo. Depois disso, precisamos nos preocupar com as jogadoras da posição 2 e 3 (alas). Precisamos que elas sejam mais altas, assim como tem acontecido no mundo todo”.

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