Apontado como uma das maiores revelações do atletismo brasileiro nos últimos anos e principal nome do país na prova dos 400 metros com barreira, Alison dos Santos teve uma temporada de 2019 marcada por grande evolução. Após melhorar oito vezes sua marca na prova, alcançou o ponto alto no Mundial de Doha (QAT), quando ficou em 7º mas novamente cravando seu melhor tempo (48s28).
Ainda assim, o jovem barreirista de 19 anos, nascido em São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, sabe que precisa melhorar em vários pontos se quiser sonhar com uma medalha da Olimpíada de Tóquio, no ano que vem. Em entrevista exclusiva ao instagram do Olimpíada Todo Dia, ele revelou qual a sua maior dificuldade na prova.
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“Minha maior dificuldade de correr os 400 m com barreiras é a concentração. Não é só entrar na pista e correr. Você precisa estar concentrado antes de começar para saber o que tem que fazer. No meu caso, são muitas mudanças de ritmo, por isso, é preciso pensar na técnica e ter estratégia, não pode correr de qualquer jeito”, declarou.
“Quando você começa a correr, tem que estar com tudo automatizado. Portanto, é fundamental ter dedicação nos treinos. Só assim saberá, por exemplo, como está seu ritmo e a perna que você ataca a barreira”, explicou Alison.
Estratégia para correr os 400 metros com barreiras
Em relação a estratégia, Alison contou que depende muito de cada atleta e que não existe uma fórmula de sucesso. “Isso varia de atleta para atleta. Alguns pulam todas as barreiras com 13 passadas. Já eu corro duas delas com 12. Isso depende de alguns fatores como altura, técnica, força e amplitude de passada. Não tem um padrão. As passadas se encaixam em você para que você se encaixe na prova”, ensinou o competidor.
Para conquistar bons resultados nos 400 metros com barreira, o atleta precisa correr abaixo dos 50 segundos. Alison tem consciência que é necessário dedicação extrema por anos para tudo ser resolvido em menos de um minuto.
“Sempre treino para levar o corpo ao máximo. Estou ali me dedicando e com grande desgaste ciente de que tenho que trabalhar por anos para chegar e acertar naquele rápido momento. São os segundos que você não pode cometer erros. Tenho consciência e é isso que me instiga a buscar mais”, garantiu o corredor.
Clima em competições como Pan e Mundial
Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e finalista do Mundial, Alison vivenciou pela primeira vez o clima em competições grandes na categoria adulto. O próximo passo é viver o ambiente de uma Olimpíada e isso já tem data definida para acontecer.
O corredor com a melhor marca desta prova já tem vaga garantida nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que será realizado em 2021, entre o período de 24 de julho a 8 de agosto.
“Foi uma experiência incrível. Quando acabou a temporada ainda demorei muito para entender o que havia acontecido. Demorei para entender que tinha sido campeão do Pan adulto e sétimo no mundial adulto. Que estava em uma final de mundial adulto ainda sendo juvenil. No começo da temporada não imaginava isso”, disse o atleta.
“Cada competição era uma surpresa. Fiquei muito feliz com cada susto que estava tomando. A energia do Mundial foi fantástica. Foi surreal e fora da curva disputar a prova com medalhistas olímpicos, mas estava me sentindo em casa e confortável correndo contra eles. Quero competir mais vezes ao lado deles e ter ótimos resultados”, completou.
Alison apresenta sempre uma postura de bastante confiança em seus treinamentos e reforçou a importância dela, principalmente em competições de alto nível.
“Essa é a intenção. Tem que se sentir confiante e passar confiança. Em uma final de mundial é você e mais 7 correndo e todo mundo quer o ouro. Se se você chegar e mostrar que não está confiante os oponentes vão crescer em cima disso. Não pode baixar a cabeça. Tem sempre que acreditar no seu trabalho. O básico para dar certo é confiança, treino e disciplina”, afirmou.
Apelido
Com 10 meses de idade, Alison sofreu um acidente em casa com uma panela de óleo quente, deixando como sequela uma cicatriz em sua cabeça, e outras menores no braço esquerdo e no peito. Quando ainda era adolescente, o atleta recebeu um apelido que, na época, não gostou, mas, atualmente, lida naturalmente com ele.
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“Ganhei esse apelido quando ainda vivia no Interior, pois na minha cidade tinha um homem que vivia na rua e era chamado de Piu. Um amigo meu começou a treinar atletismo e se parecia com ele, porém, quando parou de treinar e entrei no projeto eles passaram a me chamar de Pio e não gostei. E foi aí que o apelido pegou. Hoje em dia eu gosto e sempre que perguntam meu nome já digo que pode chamar de Piu”, contou Alison.