“Pancada grande, danada, Petrucio”, exclamou Paulo dos Santos Sobrinho, pai do atleta, quando olhou para o rosto do filho. Era 2 de janeiro e o campeão paralímpico e mundial de atletismo estava lavando os carros da família em um rio, próximo à sua casa em São José do Brejo do Cruz, cidade do interior paraibano. Naquele dia, a água estava barrenta. De repente, Petrucio teve vontade de dar um mergulho. E foi – ora, porque não? Ao mergulhar, entretanto, sentiu uma espécie de choque no queixo e uma dor insuportável. “Fui nas nuvens e voltei”, relembra o atleta, pouco mais de um mês depois, em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
Ao sair da água, seu pai fez o comentário. Eles pegaram um gelo e foram para o hospital, que fica a 30 km de sua casa. Dentro do carro, Petrucio se olhou no espelho. “Vi o tamanho do estrago que tinha acontecido. Tinha quebrado um dente e ele tinha subido gengiva acima”, recorda.
Finalmente, no dia 7, já no Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, na capital do estado, passou por uma cirurgia de fixação e o alinhamento da mandíbula. Agora, quase um mês depois, está fazendo fisioterapia, mas ainda não pôde voltar a treinar: “Só quando o médico liberar”.
E agora?
Apesar do tempo longe das pistas, Petrucio não acredita que seus resultados serão veementemente afetados. Isso, talvez, porque ele ostenta boas marcas. No Rio 2016, por exemplo, foram três medalhas em três provas.
Petrucio conquistou, na Cidade Maravilhosa, a medalha de ouro nos 100m da classe T47, para amputados de membros superiores. Mais: estabeleceu o recorde mundial da prova, em 10s57. Em seguida, compôs o revezamento 4x100m T42-47 e, ao lado de Alan Fonteles, Renato Nunes e Yohansson do Nascimento, ficou com a prata. Três dias mais tarde, voltou à pista do Estádio Olímpico do Rio de Janeiro e foi novamente vice-campeão paralímpico, agora nos 400m.
Baixando seus próprios recordes, hoje, nos 100m, ele tem a melhor marca do mundo com 10s50, conquistado no Grand Prix de Paris em Junho de 2018. No mês seguinte,em Berlim, na Alemanha, nos 200m fez 21s17 – novo recorde mundial. “Esses recordes estão como marcas que eu desejo superar”, afirma Petrucio.
“Pelo ritmo da recuperação e se não me trouxer mais nenhum problema, acredito que deve comprometer um pouco meu de desempenho no Open, previsto para o final do mês de abril”, destacou o brasileiro. “Para o Parapan, se tudo der certo, não vejo problema. E para Tóquio, não quero mais nem me lembrar do que aconteceu”.