Os últimos dias têm sido de intensas notícias na Seleção Feminina. Depois do retorno da Austrália, onde realizou dois amistosos, na última sexta-feira (22), Emily Lima deixou o comando da equipe. Nesta segunda (25), Vadão foi anunciado mais uma vez. A notícia não foi surpresa, muito se falava sobre a volta do treinador. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, o comandante deixou claro que já estava apalavrado com a CBF antes mesmo da demissão da antiga treinadora.
“Me pegou de surpresa realmente. Eu tinha voltado para o futebol masculino, já tinha tido a passagem pelo Guarani e estava fechando a negociação com a Ponte Preta. Iria ser apresentado na quinta-feira, quando eu fui convidado para voltar à Seleção. Então foi com surpresa e fiquei muito feliz por mais uma vez o presidente ter confiado no meu trabalho”, contou Vadão.
Procurado, o coordenador Marco Aurélio Cunha afirmou que essa foi uma escolha do presidente Marco Polo Del Nero. “Embora tenham dito que eu fui cínico na resposta, eu estava junto com ela (Emily) lá na Austrália, absolutamente não sabia (da demissão). Foi uma decisão do presidente e que, depois de feita, me comunicou”, disse.
“Eu cheguei na quinta-feira, às 19h, em casa, depois de quarenta e tantas horas de viagem tanto quanto ela (Emily). Foi duro recuperar. Quando foi sexta-feira, por volta do meio-dia, o presidente me mandou uma mensagem dizendo que havia trocado o comando técnico da seleção feminina. Decidiu que tiraria a Emily e depois ele decidiria sobre a quem convidar e me informaria na segunda-feira (25). Eu vim para casa na segunda-feira e ele se reuniu com o Vadão. Eu cheguei aqui (na CBF) de manhã e o Vadão estava aqui para conversar com o presidente,” completou MAC.
Emily Lima assumiu a seleção no final do ano passado e foi a primeira mulher a comandar a equipe. Deixou o comando dez meses depois, acusando o coordenador de ser o motivo da demissão, mas ele nega qualquer relação com a decisão de mudança. “Uma coisa é você perceber o andar da carroagem, que não estava andando bem, que as pessoas não estavam satisfeitas, isso é uma coisa. Eu percebi, claro, não sou idiota, senão não estaria no cargo que estou, mas a decisão formal só soube depois pelo presidente,” relembrou.
“Como tudo aqui na CBF ele quem trata, ele tem um poder de análise, tem informações não só minhas, mas de todo o contexto da CBF e sua diretoria. Interpretou assim e mudou. E a escolha do Vadão foi dele também, não foi minha. Embora ninguém vá acreditar,” finalizou Marco Aurélio.
O trabalho e a nova gestão de Vadão
Apesar do desencontro das datas, hoje Vadão é realidade e na próxima sexta-feira (29) divulgará sua primeira convocação para o torneio que será disputado na China.
“Vamos ter que fazer essa viagem, disputar esse torneio, começar a reavaliar logicamente como é que estão as meninas, né? Porque, agora, as meninas estão praticamente todas fora do país, tem um número de 80% a 90%, todas fora do país. Então a gente vai aproveitar esses jogos na China para dar uma observada,” afirmou o treinador.
Depois disso, a prioridade passa a ser a Copa América (Eliminatória), que será no Chile no próximo ano. A competição garante vaga no Mundial, na Olimpíada e no Pan-Americano. A principal preocupação de Vadão, no entanto, é o torneio não estar dentro do Calendário FIFA 2018 até o momento.
“A gente vai ver como é que nós vamos agilizar isso, porque senão nós corremos o risco de não ter as melhores atletas, que estão fora do país. Nós teremos que construir uma nova seleção, uma seleção doméstica. O plano principal, a prioridade, é a Copa América, que dará a vaga para as competições maiores”, desabafou.
Com muitas atletas no exterior, Vadão acredita ser inviável o retorno da seleção permanente. A única questão que pode alterar é se realmente não for possível ter todas as atletas nas convocações do próximo ano: “Mas se, por ventura, a gente tiver que construir uma nova seleção doméstica, seria viável. Se a gente tivesse uma seleção permanente, pelo menos, de janeiro à abril, que é o momento até a Eliminatória, nós teríamos três meses para preparar uma seleção totalmente diferente daquela que nós estamos acostumados a ver”, afirmou.
Longe do futebol feminino nesse tempo, já que esteve no comando do Guarani masculino, o treinador continuou acompanhando de longe a modalidade. Assistiu a alguns jogos e gostou do novo formato do Campeonato Brasileiro Feminino. Terá trabalho pela frente e pretende manter o que foi feito na gestão anterior de Emily Lima.
“É óbvio que sempre a gente vai aproveitar. Ela fez uma série de experiências, que a gente tem que aproveitar. Já estou com tudo em mãos aqui e tudo aquilo que foi feito depois vou estudar os detalhes com mais calma. Mas, tudo aquilo que a gente entender que foi muito bom, a gente vai manter e, do outro lado, o lado de campo, aí nós temos que conversar com as atletas, saber como é que vinha sendo o trabalho, o trabalho tático, enfim… Para que a gente possa tomar ciência. Obviamente, que a gente sempre vai aproveitar tudo aquilo que daria para encaixar na nossa filosofia”, pontuou Vadão.
Acompanhe a entrevista completa do Olimpíada Todo Dia com o novo técnico da Seleção Feminina, o Vadão.
Você ficou surpreso com a volta?
Sim, me pegou de surpresa realmente. Eu tinha voltado para o futebol masculino, já tinha tido a passagem pelo Guarani e estava fechando a negociação com a Ponte Preta, iria ser apresentado na quinta-feira, quando eu fui convidado para voltar à Seleção. Então foi com surpresa e fiquei muito feliz por mais uma vez o presidente ter confiado no meu trabalho.
Estava acompanhando de longe nesse tempo a modalidade?
Eu continuei acompanhando, lógico que a gente não acompanhou com da mesma forma que acompanhava quando trabalhava só no feminino, até porque eu estava trabalhando no masculino. Então eu também tinha que visualizar e acompanhar todo o futebol masculino, a Série B, que eu estava disputando. Enfim, mas assisti muitos jogos do Brasileiro quando os horários permitiam, assisti… Até recentemente assisti um jogo de Santos e Ponte Preta, que no primeiro jogo da semifinal foi em Campinas. Enfim, assisti o jogo da Seleção contra a Austrália, o segundo jogo, no torneio que o Brasil fez aqueles jogos, eu só consegui assistir por conta de horário, de tudo que eu estava trabalhando foi o último jogo. Então dentro daquilo, sempre. Porque a gente passa a gostar, a gente trabalhou com as meninas, a gente fica de alguma forma ligado e isso vai ser o resto da vida, independente de eu estar na CBF ou não.
Acompanhou o trabalho feito pela Emily?
O trabalho da Emily também não acompanhei de perto, obviamente, mas sei que ela deixou alguma coisa interessante, porque esse ano não era de competição oficial. Então ela fez algumas experiências importantes, fez algumas captações em todas as regiões do Brasil. Ainda faltam, pelo calendário aqui ela ainda teria mais duas vezes, pra fazer essa captação, conhecendo as jogadoras novas. Então tem muita coisa que pode ser aproveitada, era um ano importante nesse sentido, porque não tinha competição oficial. Era um ano, realmente, para se experimentar, para ver algumas atletas diferentes e isso foi feito. A gente vai analisar tudo agora, para ver aquelas atletas que foram avaliadas, se a gente aí vai olhar mais de perto, obviamente.
Pretende manter algo que foi feito?
Agora que eu vou tomar ciência de tudo, né? De tudo que foi feito. É óbvio que sempre a gente vai aproveitar. Ela fez uma série de experiências, que a gente tem que aproveitar. Já estou com tudo em mãos aqui e tudo aquilo que foi feito depois vou estudar os detalhes com mais calma. Mas, tudo aquilo que a gente entender que foi muito bom, a gente vai manter e, do outro lado, o lado de campo, aí nós temos que conversar com as atletas, saber como é que vinha sendo o trabalho, o trabalho tático, enfim… Para que a gente possa tomar ciência. Obviamente, que a gente sempre vai aproveitar tudo aquilo que daria para encaixar na nossa filosofia.
O que achou do Brasileiro Feminino?
Eu achei que o Brasileiro Feminino foi muito melhor que o dos outros anos, aumentou o número de clubes, eu gostei. Acho que ainda falta muita coisa, a gente sempre vai falar que vai faltar, porque não existe um investimento grande. Você não tem patrocinadores para que os clubes tenham melhores condições de trabalho, mas de qualquer forma eu gostei dos moldes do Brasileiro Feminino.
Qual são seus planos agora no comando?
Nós temos aí, está para ser confirmado agora esse torneio na China, né? Que é agora de imediato, vamos ter que fazer essa viagem, disputar esse torneio, começar a reavaliar logicamente como é que estão as meninas, né? Porque, agora, as meninas estão praticamente todas fora do país, tem um número de 80% a 90%, todas fora do país. Então a gente vai aproveitar esses jogos na China para dar uma observada. No primeiro momento, a prioridade é a eliminatória, que será no Chile no ano que vem, que é a que dá a vaga para o Mundial, para a Olimpíada e para o Pan-Americano. Só que essa eliminatória ela não está enquadrada dentro do calendário FIFA, a gente vai ver como é que nós vamos agilizar isso, porque senão nós corremos o risco de não ter as melhores atletas, que estão fora do país. Nós teremos que construir uma nova seleção, uma seleção doméstica. O plano principal, a prioridade, é a Copa América, que dará a vaga para as competições maiores.
Tem intenção em voltar com a seleção permanente?
Se você pensar hoje nas atletas que estão fora é inviável fazer a seleção permanente, né? Porque como é que você vai fazer uma seleção permanente se as atletas, a maioria, estão fora? Mas se, por ventura, a gente tiver que construir uma nova seleção doméstica, seria viável. Se a gente tivesse uma seleção permanente, pelo menos, de janeiro à abril, que é o momento até a Eliminatória, nós teríamos três meses para preparar uma seleção totalmente diferente daquela que nós estamos acostumados a ver.