Pela primeira vez desde 1959, a Seleção Brasileira não consegue a classificação para o Mundial de basquete feminino
A Seleção Brasileira foi o retrato da realidade vivida pelo basquete feminino no país. Na Copa América, a equipe só venceu duas das seis partidas que disputou e, pela primeira vez em 58 anos, não vai disputar o Mundial. Até então, a única edição que o Brasil tinha ficado de fora foi em 1959 e não foi porque não conseguiu classificação. Era a época da Guerra Fria e a competição foi sediada pela União Soviética e todos os países da América acompanharam os Estados Unidos e boicotaram a competição.
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Muito longe da época em que o Brasil jogava de igual para igual com as principais potências do planeta, quando tinha as geniais Hortência e Paula e foi campeão mundial de 1994, a atual Seleção mostrou o quanto a modalidade está abandonada. As gerações que se seguiram à de ouro foram caindo de qualidade. O último bom desempenho em Mundiais foi em 2006, quando Janeth se despediu e a equipe ficou na quarta colocação. De lá para cá, os resultados têm sido cada vez piores. Em 2010, ficou em nono lugar e em 2014 em 11º. Na Olimpíada de 2016, foram cinco jogos e cinco derrotas, que deixaram o país em penúltimo lugar. Para completar, o pior momento da história do basquete feminino brasileiro veio com o quarto lugar na Copa América, que impediu a classificação para o Mundial de 2018.
Os problemas começaram na fase de grupos. O Brasil, comandado por Carlos Lima, venceu os dois primeiros jogos, 71 a 63 na Venezuela e 68 a 47 na Colômbia, sem inspirar muita confiança. Os outros dois jogos da chave foram derrotas: 67 a 60 para Ilhas Virgens e 68 a 49 para a Argentina. O sinal de alerta estava ligado. A classificação para a semifinal só veio nos critérios de desempate e ainda com a ajuda da Colômbia, que na última rodada venceu apertado a Venezuela e classificou a Seleção.
Na semifinal, o Brasil mostrou o abismo que o separa dos melhores times do mundo. Apanhou por 39 pontos de diferença: 84 a 45. Restava à equipe então disputar o terceiro lugar contra Porto Rico, um time que em outros tempos seria vencido com facilidade. Mas a época é outra, a Seleção voltou a mostrar os erros dos primeiros jogos e, apesar de ter mantido o duelo equillibrado na maior parte do tempo, acabou derrotada por 75 a 68, dando adeus às chances de se classificar para o Mundial.
Em 2018 será a primeira vez que Porto Rico irá disputar o Mundial de basquete feminino. Ao Brasil fica a lição de que é preciso reestruturar a modalidade no país e investir na formação de novas jogadoras. Caso contrário, os bons resultados do passado serão apenas uma doce lembrança, bem distante da realidade atual.