Cinco dias depois de ter vazado o resultado positivo de seu exame antidoping para a substância furosemida, o ponteiro Murilo resolveu dar uma entrevista coletiva acompanhado do advogado Marcelo Franklin, uma das maiores autoridades sobre o assunto no país. O jogador revelou que ficou surpreso com a notícia, mas que ainda espera pelo resultado da amostra B e garantiu estar com a consciência tranquila.
“Estou com a consciência tranquila, minha preocupação é saber como isso deu positivo. Achei importante vir aqui e olhar nos olhos de vocês (jornalistas). Fiquei muito surpreso, recebi a notificação no dia 4 de maio, um dia depois do meu aniversário. Acordei, abri o e-mail e vi que tinha dado positivo. Não esperava, passei por inúmeros testes, em clubes e seleção, e sempre fiz os testes muito tranquilo”, afirmou o jogador durante a entrevista, que aconteceu na sede de seu clube, o Sesi.
O advogado Marcelo Franklin, responsável pela defesa dos nadadores Cesar Cielo e Etiene Medeiros, além da velocista Ana Cláudia Lemos, em casos semelhantes, contou que só autorizou Murilo a falar com a imprensa por conta do estranho vazamento da notícia antes que a contraprova tivesse sido feita.
“Não costumo deixar antes do resultado final do processo, mas esse caso é excepcional. Foi divulgado antes da amostra B. A imagem do atleta deveria ter sido preservada até a amostra B. Por essa razão, o Murilo achou importante, em nome da carreira dele, vir aqui pra que vocês pudessem ouvir a posição dele sobre o assunto”, explicou o advogado sem dar maiores detalhes sobre a estratégia de defesa.
“Nada acontece antes da amostra B confirmar a A. Se não confirmar, não há violação nenhuma. Se houver, precisamos analisar o contexto inteiro. Tem que ver se o laboratório trabalhou de forma bem feita, se todos os parâmetros foram seguidos para ver se conseguimos desqualificar. Depois, passamos para a parte de justificar como a substância entrou no corpo do atleta. A gente faz o levantamento total do quadro antes de decidir qual a melhor estratégia de defesa”.
Murilo afirmou que só não marcou a entrevista coletiva antes porque estava de férias na casa dos pais em Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul. “Tive a sorte da semana passada ir pra Passo Fundo. Foi bom pra conversar com meus pais sobre isso e alertá-los sobre um possível vazamento. Me desliguei de tudo por lá. Não queria deixá-los chateados e acho que não adiantaria ficar vendo o que estava saindo na imprensa, me machucaria muito. Precisei desse tempo porque eu estava em Passo Fundo. Cheguei ontem (segunda-feira) e hoje já estou aqui com vocês”, justificou.
Curiosamente, a esposa de Murilo, a também jogadora Jaqueline, passou por um problema parecido há dez anos. Dias antes dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, ela foi notificada a respeito do resultado positivo de um exame para a substância subtramina. Além de ser impedida de participar do Pan, foi suspensa por dois meses.
“Caso da Jaque na época também foi muito difícil. Acabou sendo uma contaminação. O choque foi muito grande pra ela. Estava prestes a entrar na Vila do Pan. Tudo se resolveu e o tempo ajuda bastante. Ela continuou, passou ilesa por esse problema e está me dando todo o apoio agora”.